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sábado, 1 de dezembro de 2018

DONA CIDA CUROU-SE DA DEPRESSÃO DISTRIBUINDO ABRAÇOS...


Dona Cida é gaúcha de Cachoeirinha, tem 71 anos de idade e há quatro anos distribui abraços nas ruas, parques e nos locais de aglomeração de pessoas. Foi justamente o calor afetuoso que trocou abraçando centenas de estranhos que a fez sair de um quadro depressivo; Uma sequência de mortes de familiares (em pouco espaço de tempo ficou viúva duas vezes, morreram quatro irmãos e ainda a sua mãe) fez com que tivesse sua vida abalada de tal maneira que não saia mais de casa. Relata que foi durante um momento de oração que ouviu uma voz lhe dizer para sair às ruas e abraçar as pessoas. Foi o que fez, e isso transformou sua vida. “ –Me perguntam se não acho esquisito abraçar estranhos. Mas sou a prova viva de que um abraço, quando é honesto, cura mais do que remédio – disse sorrindo.”
Ouvindo uma entrevista sua fiquei me perguntando sobre como alguém que esteve em um quadro de depressão profunda consegue agora transmitir tanta energia a estranhos. O que ela fez não é novidade, é feito no mundo todo (movimento Free Hugs), há até estudos científicos sobre os efeitos da “abraçoterapia” na saúde das pessoas citando a liberação de hormônios e os efeitos de bem estar que produz nas pessoas. Basta digitar num site de buscas na internet o termo “abraço grátis” e teremos centenas de informações sobre os benefícios dessa atitude.
É a típica situação em que ganham ambos, quem dá e quem recebe, pois o benefício é mútuo! Um abraço pode ser transportado a qualquer lugar, ser dado em momentos de alegria ou de tristezas, não importa a sua duração, o efeito é maravilhoso. Quando percebermos que dispomos deste instrumento altamente transformador talvez nos lembremos do que diz o poeta na música de J Quest: “...o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”, e diz mais, nos emocionando:Tudo que a gente sofre num abraço se dissolve; Tudo que se espera ou sonha, num abraço se encontra.”
É sobre este remédio milagroso que Dona Cida falava, ele alivia sofrimentos, amplia a alegria. Mas e o que nos impede de dar abraços? Certa vez ouvi de alguém a manifestação surpresa no momento em que ganhou um abraço, questionando-se sobre há quanto tempo ela não ganhava um. Algo tão simples, algo tão bom e que ela não ganhava há anos! Bem, não precisamos – por hora – sair oferecendo abraços pelas ruas... olhemos ao redor: quando foi a última vez que abraçamos com calor a quem amamos? Marido, esposa, filhos, pais, amigos, colegas de trabalho... Pensemos sobre quantos abraços apenas às pessoas conhecidas estamos devendo. Bem, se a lógica do abraço é a do efeito benéfico e recíproco, comecemos agora, já! Não percamos tempo. Não precisamos esperar - assim como Dona Cida – um chamado para agir. Falemos com nossa voz interior, aquela que nos conforta, nos direciona para o bem e nos quer ver feliz: abracemos!!!
César A R de Oliveira
Psicólogo – whats app 99981 6455

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Mau comportamento demite jovens

Recentemente uma pesquisa feita por um site de classificados de emprego revelou que o maior entrave na contratação de jovens é, segundo as empresas, o seu mau comportamento. Foram ouvidos 218 recrutadores em todo o país os quais entrevistaram empresários empregadores e jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos. “Para 48% dos empregadores entrevistados, a conduta inadequada e irresponsável dos jovens em relação ao trabalho é o maior motivo para a não contratação do candidato à vaga, superando a falta de qualificação que aparece em segundo lugar, com 25%.” Quando a pesquisa ouviu aos jovens eles disseram (75% dos pesquisados) que a maior dificuldade em conseguir emprego é a falta de oportunidade, sendo que apenas 1% (isso mesmo, UM por cento) sugeriu que o motivo pudesse ser o comportamento inadequado dos pretendentes.
Somem-se as características da fase de adolescência ao conceito de Sociedade Líquida (termo cunhado pelo sociólogo Zygmunt Bauman) - onde a busca do prazer individual é o fim último da sociedade – passaremos a pretender entender tal comportamento juvenil da atualidade. Todavia, isso não significa justificar ou acomodar-se com um chacoalhar de ombros, é preciso mostrar aos jovens que seus maus hábitos têm sido a maior causa de demissão, pois pelo visto, apenas um único a cada cem entrevistados percebe isto. Não é possível considerar culpado quem não está reconhecendo-se no cometimento de erros, nossos jovens precisam ter a consciência de que a perda de empregos tem por maior índice suas condutas reprováveis.
Mesmo quando os pais pensam ter feito de tudo para trazê-los ao rumo da correção de atitudes, dá para fazer algo mais? Sim, sempre dá. É frequente a procura por sessões de psicoterapia para estes filhos, os quais, na maioria das vezes, vêm contrariados. Todavia são raros os pais que se disponham a enfrentar uma psicoterapia para si mesmo e voltada sobre como lidar com seus filhos. Obviamente que não se trata de ensinar a como criá-los, mas sim, a fazer uma reflexão sobre como esses pais veem o mundo de hoje; entendem realmente o significado do que seja uma sociedade líquida? Sabem sobre como sobreviver a isso em casa e no trabalho? Estão atentos às mudanças?
Cada geração enfrenta novos desafios, os quais, por sua vez, exigem atitudes diferenciadas ou até então jamais pensadas. A proposta deste breve texto é a de propiciar uma reflexão sobre a forma pela qual estamos a educar nossos filhos, afinal, quanto da parcela destes desvios de comportamento em ambientes de trabalho poderiam ser creditados às ações/omissões dos pais? Sempre é tempo de rever (pré) conceitos, e a psicoterapia é um ambiente ideal para que falemos disso.
                                                                 César A R de Oliveira 
                                                                             psicólogo

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Paciência, haja paciência


No mês passado o Guinness Book (popularmente conhecido como o Livro dos Recordes) concedeu o título de casal mais longevo a dois japoneses, ele com 108 anos de idade e ela com 100, e casados há 80 anos. Ao responder a pergunta fatal sobre qual o segredo para permanecer tanto tempo juntos, a senhora respondeu: “paciência, muita paciência...’.

Dá para perceber sobre o quanto paciência é vital? Por impaciência acaba-se um namoro, briga-se no trânsito, perde-se um cliente, um emprego, gera-se um mal-estar na família.... Quanto falta para aprendermos a lição? Na psicoterapia é muito frequente que casos de impaciência estejam associados à mobilização de ansiedade, e, talvez por isso, algumas pessoas busquem encontrar nos medicamentos ansiolíticos a sua “cura”. Entendo a ansiedade como um sintoma, uma consequência de algo. Assim como a febre ou a dor alertam-nos de que algo não vai bem e que precisamos investigar, a ansiedade tem o mesmo papel, pois ela não é a causa. Sob orientação profissional a medicação pode auxiliar para que a pessoa volte a um estado de equilíbrio, o que possibilitar-lhe-ia uma maior compreensão sobre os acontecimentos e consequente motivação para a tomada de novas atitudes.

É incrível ouvir de algumas pessoas a confissão convicta de que são ansiosos, como se isto fosse tão natural e imutável quanto à cor dos olhos. Um trabalho psicoterápico voltado à diminuição de ansiedade engloba novas práticas que busquem hábitos diferentes dos que vêm sendo realizados, e para isso, o quesito número um chama-se vontade. Mas não seria justo atribuir ao premiado casal japonês o convívio conjugal apenas por desígnio da vontade, pois cultivar a paciência implica também em saber lidar com outros fatores que independem da pessoa. Quantos desejam um relacionamento duradouro, mas não conseguem?  Uma lista enorme de atributos precisa ser considerada quando se busca o equilíbrio emocional e a tão almejada paciência. Ter a faculdade de saber esperar, em dias de eterna queixa de falta de tempo, é um atributo de altíssimo valor; sábio é aquele que desenvolve sua paciência mediante a ação e atitudes e que em algum momento será recompensado. A perseverança (como insistência saudável naquilo que se faz), o discernimento de que o que se busca está ao alcance e que, sem saltos, chegará lá, dão a dose de confiança necessária para tal.

É oportuno que lembremos da Oração da Serenidade, aquela que nos ensina a aceitar as coisas que não podemos modificar, que pede coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para conhecer a diferença entre elas. Um bom exercício de paciência.

César A R de Oliveira
Psicólogo

sábado, 1 de setembro de 2018

Você é respeitada?

      No último dia 27 de agosto, Dia do Psicólogo, fui convidado a participar de um painel do curso de psicologia para alunos da Faculdade Ideau cujo tema era “O feminismo em debate”. Pautei meu roteiro sobre os aspectos da violência da qual milhares de mulheres sofrem diariamente, mas violência em sentido amplo, não somente a da agressividade física. Falar de socos, pontapés, chutes, estupro, pode parecer um discurso sobre aquelas mulheres distantes, que não são de nossas relações. Só no estado do Rio Grande do Sul, no primeiro semestre deste ano, foram registradas pelas polícias mais de 10 mil ocorrências de agressões físicas e quase 20 mil outras de ameaças a mulheres. Mas e quantas outras jamais saberemos, pois as vítimas não tiveram coragem para denunciar?
    Tais agressões são, em sua grande maioria, resultados de ameaças, de proibições, de controle e da imposição da vontade do marido, antes de qualquer coisa. Com relação a isto, percebo no consultório, nas sessões de psicoterapia, mulheres cansadas, deprimidas, sem apetite, com distúrbios de sono, em alguns casos automedicadas na vã tentativa de fugir dos problemas, isso quando o “alívio” não é procurado nas bebidas de álcool ou até mesmo nas drogas ilícitas...
    Mas ao perguntar no título sobre se você é respeitada, faço unicamente para chamar a atenção de que a falta de respeito é o começo de tudo, é o indicativo de que algo na relação conjugal não está indo bem. Não poder colocar a roupa que se deseja, cortar o cabelo, arrumar-se, ter de inventar desculpas por não ir ao jantar com as amigas, arcar muito mais tempo com os afazeres da casa e da educação dos filhos sem qualquer colaboração do companheiro, são procedimentos sugestivos de um desequilíbrio na relação do casal e que podem evoluir para o desrespeito.
    Um trabalho voltado para autoestima, para a recuperação da identidade pessoal, para a valorização da vida é o que pode ser feito àquelas que sofrem tais abusos. Se você é amiga (o) de alguém em que perceba tais ocorrências, “meta a colher”, converse com ela para que a mesma procure ajuda, pois, na maioria dos casos a inércia das vítimas se dá por sentirem-se sozinhas, desamparadas e com medo de tomarem atitudes. A ajuda tanto pode estar no Poder Público, na psicoterapia como em si mesma, adotando novas e saudáveis atitudes.
                                                                   César A R de Oliveira

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

SERÁS MENOS DEPENDENTE DO AMANHÃ SE TE LANÇARES AO PRESENTE* (Sêneca)

O filósofo romano Sêneca (4 a.C), foi uma das pessoas mais ricas de Roma, estadista famoso e conselheiro do imperador. Sêneca teve que negociar, persuadir e planejar seu caminho pela vida. Ao invés de filosofar da segurança da cátedra de uma universidade, ele teve que lidar constantemente com pessoas não cooperativas e poderosas e enfrentar o desastre, o exílio, a saúde frágil e a condenação à morte. Sêneca correu riscos e teve grandes feitos (Wikipédia).
Não há como ler suas obras e não ficar surpreso pela inexistência de “prazo de validade”. Mesmo tendo se passado quase dois mil anos, muito do que ele escreveu permanece de uma atualidade incrível! Em sua obra “Aprendendo a viver”, já no primeiro capítulo nos chama a atenção sobre como tratamos (mal) do tempo perdido, principalmente aquele colocado fora por negligência. Escreve assim ao amigo Lucílio... “Se pensares bem, passamos grande parte da vida agindo mal, a maior parte do tempo sem fazer nada, ou fazendo algo diferente do que se deveria fazer.” Não nos parece atual?
Então seu conselho para bem aproveitarmos todas as horas – que está no título deste texto – é um chamamento a vivermos o presente, o aqui agora tanto insistido por algumas tradições filosóficas e pela própria coerência de que a vida, como um rio, segue seu curso. Para mim a mensagem mais forte deste capítulo é quando o filósofo nos diz que as pessoas têm consciência de quando contraem uma dívida e de que necessitam pagá-la, porém, não se dão conta quando tomam inconvenientemente o tempo dos outros, tempo tomado e que jamais poderão devolvê-lo. Ficam em dívida e geram prejuízos.
O que estamos fazendo no cotidiano merece ser analisado com muita consideração. Frequentemente ouvimos de amigos ou familiares manifestações de planos para o futuro, mas, no entanto, nenhuma ação que já poderia estar ocorrendo marca o presente. Quando eu me aposentar, quando eu tiver tempo ou dinheiro, servem apenas de desculpas para as não realizações do presente! Muitas pessoas vivem seus dias exatamente como na expressão “correndo atrás”: sempre tendo de dar conta de tarefas, obrigações e exigências que deixaram para depois, pois não as realizaram quando deveriam ter feito. Falta-lhes tempo.
É muito visível nas sessões de psicoterapia que aquelas pessoas que têm dificuldades em utilizar seu tempo têm as mesmas dificuldades em organizar seus afetos e em valorizar a sua autoestima. Têm dificuldades em dizer não, sentem-se com grande culpa por não poder atender a todos – daí que mal sobra tempo para suas próprias coisas. Um espaço para falar sobre isto sem que se sintam julgados é o que propõe um trabalho psicoterápico, e, em assim agindo, essas pessoas podem tratar do presente de forma que não sejam grandes dependentes do amanhã. Criam a oportunidade de bem viver o hoje, pois, muitas vezes, o futuro é uma ilusão.
César A R de Oliveira
Psicólogo 

terça-feira, 3 de julho de 2018

DISQUE 188: CVV, Como Vai Você?


O mês de junho trouxe uma ótima notícia para Passo Fundo: a da instalação local de um posto do CVV – Centro de Valorização da Vida - entidade não governamental a qual “... realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias”. (Definição constante em seu site). Resultado de um trabalho de abnegados colaboradores do NAVIPAF, Núcleo de Apoio à Vida de Passo Fundo, foi apresentado à comunidade regional bem como a composição da direção do posto local, além da exposição sobre a importância e o trabalho do CVV no Brasil pelo Sr Régis, voluntário responsável por treinamentos a novos voluntários.
Para quem nunca teve o infortúnio de saber que a morte de um familiar ou amigo foi por suicídio, talvez não entenda da importância deste órgão para todos nós; basta dizer que 32 brasileiros perdem a vida diariamente por suicídio enquanto que no mundo ocorre uma morte a cada 40 segundos por esta causa. Enquanto você dedicar uns minutos para a leitura deste texto, cerca de seis mortes por suicídio estarão acontecendo ao mesmo tempo em que dezenas de pessoas terão suas vidas afetadas para sempre. É preciso fazer algo.
Várias são as razões que levam alguém ao suicídio (atitude egoísta que além de nada resolver ainda cria novos problemas) e a depressão é a maior causa no mundo. Uma novela de horário nobre da televisão aborda atualmente esta temática com o personagem Beto, depressivo, preocupado em não mostrar-se frágil ante a doença e que não busca auxílio mesmo passando por um grande sofrimento. Na vida real muitas pessoas sentem vergonha em falar sobre a depressão, pois a veem como fraqueza e não querem ser expostas a isto. O trabalho sério de voluntários (treinados) do CVV oferece um acolhimento inicial prestando a escuta que pode ser crucial para o momento. É claro que isso não substitui uma psicoterapia – e nem é este o propósito – mas propicia um desabafo que pode aliviar a tensão e permitir uma reflexão mais esclarecida. Há muitos mitos envoltos ao tema suicídio e a proibição de divulgação em mídias somente atrapalha. É preciso coragem para falar sobre isto pois não só a depressão tem relação com tais mortes: alguém sentindo-se com vergonha, humilhado, com dificuldades afetivas, sexuais, financeiras, enfim, sob pressão em casa ou no trabalho pode pensar em assim agir. Outra grande bobagem é dizer que quem quer matar-se não avisa... avisa sim, fiquemos atentos! Converse sobre o CVV com seus amigos, conheça-o melhor acessando o site, lendo as informações e divulgando o número de atendimento. Ao discar para o telefone 188 a ligação é direcionada a um atendente em qualquer parte do Brasil e o sigilo e a discrição são atitudes fundamentais para a confiança de quem procura o serviço. Quer ser voluntário? Faça seu cadastro pelo site do Centro de Valorização à Vida, muito em breve haverá um curso de formação de novos voluntários em Passo Fundo. – www.cvv.org.br
Agora que você soube um pouco mais da importância de um trabalho voluntário de escuta como forma de minimizar casos de suicídio, lembre-se de que um atendimento sério de psicoterapia é fundamental para a continuação do acolhimento como forma de apoio ao necessitado e a seus familiares. Valorize a vida, encaminhe seu familiar a um psicólogo, afinal, “Como vai você?”.
César A R de Oliveira

Psicólogo

terça-feira, 5 de junho de 2018

“ - Assistiu ao vídeo que te enviei? - Não! Quer me falar sobre ele?...”

Meus amigos já me ouviram responder desta forma, afinal, não tenho o hábito de assistir a vídeos em smartphone, muito embora, recentemente, tenha passado a dedicar um tempo para isto. Na verdade, a intenção da resposta é a de provocar um diálogo e trocar a virtualidade de um vídeo enviado (e na maioria das vezes de forma impessoal e para vários grupos e contatos, indistintamente) por um instante de conversas, onde opiniões possam ser trocadas - concordadas ou divergidas - mas ali, cara a cara! Não sou avesso às tecnologias, mantenho um site na web, circulo em redes sociais, utilizo de aplicativos, troquei os Cds pelo Spotfy e estou me dando bem com o Kindle já há uns três anos, mas fiquei surpreso com alguns dados recentes (Provokers, Google Brasil e Youtube): 56% dos brasileiros preferem assistir a vídeos pela internet do que pela televisão, e, segundo a pesquisa, nos últimos três anos o consumo de vídeos pela internet cresceu 90,1% enquanto que o da TV manteve-se estagnado.
Mas vou me deter noutra informação apurada: o brasileiro gasta em média 15,4 horas por semana assistindo a vídeos pela internet, o que significa mais de duas horas por dia, todos os dias.... E tem muita gente reclamando de falta de tempo! Então, ao nadar contra a maré assistindo uns poucos vídeos na internet, “ganho” um tempo a mais para outras atividades, além de provocar aos amigos para que falem sobre o que postam e assim interajam mais.
 Tão importante quanto manter-se atualizado nestas tecnologias é saber cultivar boas relações sociais, de amizades, de namoro e principalmente no ambiente da família, mas para tudo isto é preciso tempo. Existe aquela expressão a meu ver ultrapassada de que “tempo é dinheiro”. Melhor seria dizer que isto é uma grande mentira, pois tempo não se acumula, diferentemente do dinheiro. O dia tem 1440 minutos que se vão a cada volta do ponteiro dos segundos, e, fazer mau uso dele é gerar um prejuízo irrecuperável! Na psicoterapia ouço com frequência que a música boa era a “do meu tempo”, que tempo bom era quando se podia brincar na rua até escurecer sem preocupar-se com a violência ou com as drogas.... O meu tempo é hoje, é o agora! Então o que eu fizer nestes minutos limitados que o dia me dá é o que conta, minha felicidade está aqui, neste momento e em minhas mãos.
Então, avalie sobre como você está utilizando sua dádiva, reparta-a com a família, com o trabalho e com os amigos, mas a utilize da melhor forma que puder. Este é um dos preceitos da felicidade, viver o hoje!
César A R de Oliveira

Psicólogo – whats app 99981 6455

quinta-feira, 3 de maio de 2018

FACEBOOKISMO E ESTRESSE



Já escrevi sobre uma pesquisa que indicava que o uso excessivo do Facebook (daí o neologismo facebookismo) deixava as pessoas tristes. Agora, vem da Austrália – Universidade de Queensland - a notícia de que também implica em que usuários do aplicativo apresentem um quadro de estresse acentuado. O grupo de estudos de uma pesquisa foi dividido entre aqueles que mantiveram suas rotinas continuando com o uso diário da rede social e outros que ficaram cinco dias sem poder acessá-la de qualquer forma. Neste interim, foram submetidos a questionários e à medição do nível de hormônio cortisol na saliva; os resultados? Comprovadamente aqueles que ficaram privados do Facebook por apenas cinco dias apresentavam menor índice de estresse, todavia, o grau de infelicidade aumentara. Segundo um dos psiquiatras pesquisadores, a busca inconsciente por reconhecimento e aprovação e as inevitáveis comparações de postagens (“...tô aqui trabalhando e o boa vida lá, em viagem...”p.ex.) foram responsáveis pelo aumento do estresse. Igualmente na Dinamarca, outro estudo com mais de mil participantes também chegou a conclusões semelhantes. 

Todavia, para os internautas que ficaram privados do acesso à rede, a infelicidade por não estar a par do que estava acontecendo gerou um novo termo: FOMO, da abreviatura da frase em inglês “fear of missing out” utilizada para designar a sensação daquele que não sabe dos últimos fatos e acha que está perdendo algo. Agora liguemos o FOMO com a psicologia: querer saber de tudo que está acontecendo em tempos cibernéticos é uma presunção que só pode ser premiada com a insatisfação, a qual somada à ansiedade torna-se um potencial para adoecimento psicológico e para somatizações. Lembrando o ditado popular “...se correr o bicho pega...” qual o mal menor? Permanecer conectado aumentando um eventual quadro de estresse ou desligar-se e com isto sentir-se não pertencente a uma sociedade e ver sua infelicidade aumentada? 

Há poucos dias Mark Zuckerberg (o todo poderoso detentor do Facebook) teve de prestar esclarecimentos frente ao Congresso Norteamericano sobre ações da rede social, mas deixou claro que o seu uso é unicamente da responsabilidade pessoal e que deve ser considerado por cada um sobre o quanto isto interfere em seu bem estar. Sou da opinião de que o problema está na dificuldade de algumas pessoas em perceberem que na virtualidade há muitos sorrisos desbotados e tantos pratos “sem tempero” retocados por filtros de photoshop e que não condizem com a realidade. Vivendo um faz de conta, sofrem quando se deparam com a realidade. 

Considerando que esta forma de viver online veio para ficar, ainda que mudem as redes, o ser humano precisará adaptar-se à modernidade de maneira que faça bom uso ao mesmo tempo em que priorize por sua qualidade de vida. E qualidade de vida está relacionada a estilo de vida, ou seja, ter um tempo para desconectar-se, sentir-se humano, poder conversar pessoalmente, partilhar de momentos de esportes, brincadeiras, passeios, contatos com os outros, ou mesmo, permitir-se à introspecção, compensarão a saúde de maneira que o ponto de equilíbrio para uma boa utilização das redes sociais seja atendido. Acrescente-se que, o contato olho a olho de uma psicoterapia sempre permitirá o que qualquer postagem ou mensagem enviada a alguém não consegue: aproximação e afetividade. 





César A R de Oliveira 

Psicólogo – whats app 999 81 64 55

sábado, 31 de março de 2018

O EXEMPLO DE STEPHEN HAWKING

       Pois o mês de março registrou a morte do físico inglês que deixou um grande legado para a ciência. Acredito que a maioria das pessoas, assim como eu, tiveram a atenção voltada para o “pequenino” muito mais pelo exemplo de superação a uma grave doença degenerativa cujo diagnóstico de sobrevida era de dois anos (mas que resultaram em outros cinquenta e cinco de muita produtividade), do que por sua contribuição à física.
        O filme “A teoria da tudo” - inspirado em sua autobiografia - dá uma real noção de como um jovem inteligente passa a sentir os efeitos da perda de suas funções motoras e da fala, e, a partir dos 21 anos de idade decai a uma condição de absoluta dependência, todavia, com sua mente permanecendo altamente produtiva. Tamanhas dificuldades que transformaram radicalmente sua vida não o impediram de casar-se, ter três filhos e a continuar seu trabalho produzindo sua teoria.
     Quero agora ligar esta lição de vida a assuntos que com frequência percebo nas sessões de psicoterapia. Algumas pessoas, de posse de todas as funções físicas e mentais, com recursos de família, de trabalho e de amigos, por vezes, esbarram em dificuldades que as imobilizam de tal forma que seguir a vida torna-se um grande desafio. Relacionamentos amorosos complicados, dificuldades financeiras, problemas em família ou no trabalho, desmotivações de toda a ordem acabam por adoecer muitas destas pessoas limitando-as.
     Em uma bela canção ouvimos: “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz...” e é desta forma que penso, pois temos o direito à felicidade, ainda que com muito trabalho. Um mesmo fato que pode derrubar alguém pode servir de impulsionador para outro; a doença que leva um à condição de vítima leva àquele que a supera a agradecê-la por oportunizar seu crescimento. Somos diferentes em nossas atitudes justamente por que alguns descobrem em si recursos e/ou formas de enfrentamento das dificuldades, enquanto outros não. Aqui, partimos para algo que efetivamente pode propiciar uma psicoterapia bem encaminhada: o autoconhecimento. Ao conhecermos nossas potencialidades fica mais fácil avaliar sobre o quanto podemos fazer ou então, sobre o que precisamos aprender para tal.
   Acredito que a extrema dificuldade enfrentada por Stephen Hawking e a sua não aceitação – não à doença, mas para a condição de “coitado” – foi a grande motivação para que pudesse realizar tanto, e, mesmo nós que não temos afinidades com a física, podemos agradecê-lo pelo exemplo de coragem, determinação e tantos outros adjetivos que o deixarão marcado na história da humanidade. Mais de meio século preso a uma cadeira de rodas e a um corpo não o impossibilitaram de expandir-se mentalmente pelo universo que tanto estudava. “Sem imperfeição, eu e você não existiríamos”, dizia.
                                                            César A R de Oliveira

sexta-feira, 2 de março de 2018

A Virtude da Raiva

Dias depois de ter escrito o artigo anterior sobre emoções, acabo de ler um livro recentemente lançado cujo título pego emprestado para este texto*; O livro foi escrito por Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi, e traz reflexões das lembranças de um breve período em que ele, quando criança, acompanhou durante dois anos o avô em suas atividades na Índia. Com o subtítulo de “...lições espirituais de meu avô” é possível emocionar-se com a simplicidade da mensagem daquele que foi um grande pacifista no século passado (cinco indicações ao Prêmio Nobel da Paz sem jamais tê-lo recebido), inspirador de Marthin Luther King e Nelson Mandela, e responsável por trazer a dignidade a milhares de pessoas na Índia e no mundo.
Quando as pessoas nos procuram para a psicoterapia está quase sempre implícito o pedido para auxiliar a extirpar ou a amenizar um sofrimento, às vezes, um apelo para a paz interior. Em algumas ocasiões a queixa está voltada à insatisfação num relacionamento, por outras diz respeito ao emprego, às dificuldades da situação financeira, dentre tantas. Mas o que fazer ante tantos e diversos problemas que, convenhamos, “dá raiva” só de pensar?
Raiva é uma das emoções básicas que é muito reprimida. Desde cedo ouvimos que devemos controlar a raiva, que ela é um sentimento ruim, que não devemos ser raivosos. Raiva é tão inato quanto alegria e medo, mas assim como a tristeza (outro sentimento que, dizem, devemos ter cuidado em não manifestá-lo) não é bem visto.  Gandhi, numa conversa com seu neto - que com frequência brigava com outras crianças na rua - lhe disse: “Use a raiva para o bem. A raiva, para as pessoas, é como o combustível para o automóvel. Ela nos dá alegria para seguir em frente e chegar a um lugar melhor. Sem ela não teríamos motivação para enfrentar os desafios. A raiva é uma energia que nos impele a definir o que é justo e o que não é.”
Gosto do conceito de raiva como energia, pois a apatia, o desânimo ou a passividade diante de um obstáculo, nada mais são do que total falta de disposição para o enfrentamento. Então, considerando a raiva como uma forma de energia, que a aproveitemos de maneira positiva e a nos auxiliar a sair das situações de sofrimentos; que seja a força da qual necessitamos!
O domínio da utilização da energia do raio lazer pode se prestar à cura, ao progresso, porém, mal manipulado, torna-se arma poderosa e avassaladora. Igualmente, para utilizarmos nosso poder interior é que surge a necessidade de autoconhecimento: quanto mais soubermos sobre nós, melhor poderemos empregar a energia da raiva em prol de nosso crescimento pessoal.  Daí a importância de Gandhi em nos ensinar que é possível encontrarmos virtude na raiva, sua caminhada pela paz foi a de não revidar com violência, foi um exemplo de atitudes sensatas e inteligentes. Com atitudes serenas e equilibradas estaremos muito próximos de conciliar emoção e razão, e, com isto, o convívio com familiares, amigos e colegas de trabalho poderá ser mais harmonioso.
É claro que as atribulações de Gandhi foram muitas, ele sofreu humilhações, foi preso arbitrariamente e morreu assassinado por defender a Paz. Simbolicamente, encontraremos muitas dificuldades em nós mesmos ao tentarmos este crescimento, mas não devemos esmorecer, todos temos virtudes, basta utilizarmo-las.

César A R de Oliveira

Psicólogo – whats app 99981 64 55

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

CULTIVANDO EMOÇÕES



A palavra cultivar tem sua origem nas relações com a terra, com a botânica ou com o plantio, mas não raro ouvimos a expressão versando sobre o cultivo de amizades ou de relacionamentos. Cultivo das emoções é o título de um livro de autoria do psicólogo Marlon Reikdal onde, com uma boa dose de espiritualidade (*estado de espírito da alma, não confundir com religiosidade) aborda nosso relacionamento com as emoções básicas, sugerindo que da mesma forma como semeamos, regamos e cuidamos de uma planta, podemos tratar com carinho também nossas emoções.
Acredita-se que o ser humano tenha seis emoções básicas: felicidade, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo, muito embora alguns autores tratem de cinco e outros de quatro tipos de emoções (sendo as demais derivações destas). A unanimidade não é o que importa, é uma tarefa de imprecisão que não invalida a existência dos sentimentos; o fato é que as emoções são responsáveis por nossas maiores conquistas e também pelos piores desastres de nossas vidas. Daí que conhecer o que estamos sentindo ajuda a conhecer a nós mesmos, nosso eu interior, nosso self.
Se o desejo por alcançar a felicidade é algo comum a todos, o mesmo acontece com relação à tristeza, só que de forma inversa: ninguém quer tê-la por perto. Porém, todos nós teremos momentos de felicidade que irão alternar-se com os de tristeza, daí a importância de reconhecermos que as emoções são potências da alma e que eliminá-las é o mesmo que tentar destruir algo que nasce conosco, uma fonte divina em nós. Por sua vez, cultivar as emoções não significa alimentar a raiva o medo ou a tristeza, mas compreender que cada uma das emoções tem um fluxo natural e que precisa ser respeitado.
Há um filme que recebeu o Oscar de Melhor Animação (Divertidamente - 2016) que trata da história de uma menina que se muda de cidade e disto resulta uma série de confusões em sua mente, em oscilações em seu estado emocional que terminam por gerar muitos problemas para si e para seus pais. Demonstra de forma divertida o papel das emoções em tudo o que acontece diariamente em nossas vidas, além de nos ensinar que a importância que damos a cada um destes sentimentos (preocupando-se em demasia ou ignorando-os) terá reflexos em nossa saúde.
Pode haver algo de bom – ou de ruim – em todas as emoções: em momentos de felicidade exagerada podemos ser mais impulsivos, comprar o que não poderemos pagar depois, prometer o que não será cumprido, por outro lado, em momentos de tristeza poderemos ser reflexivos e pensarmos na solução mais adequada para aquilo que nos aflige. São sentimentos de raiva que nos incomodam, e é por nos desacomodarem que procuramos agir para resolver a situação. O medo faz com que não sejamos tão imprudentes e inconsequentes, e o nojo evita que comamos algo que possa estar estragado e que venha a nos fazer mal. Estar atento às emoções é questão de sobrevivência.
Todas as emoções são necessárias, e quanto mais recursos psicológicos tivermos para fazer bom uso delas (um bom cultivo), melhor será a qualidade de vida que teremos (uma boa colheita). E isto é também a proposta de uma psicoterapia voltada para o autoconhecimento e para o autodescobrimento: quanto mais soubermos a respeito de nós, mais preparados estaremos para enfrentar as pressões do cotidiano, para a obtenção de melhores resultados e para manutenção de nossa saúde. Sendo possível o cultivo de emoções, por analogia, uma sala de psicoterapia pode ser uma boa horta... semeie!

César A R de Oliveira

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

RESOLUÇÕES PARA O ANO NOVO

A palavra resolução, dentre vários significados, tem, nesta época do ano, principalmente o sentido de determinação ou de decisão: “Neste ano eu vou ...” e por ai desfilam uma série de atitudes iniciativas ou desejos de muitas coisas inacabadas e até mesmo nunca realizadas, as quais queremos para o ano novo. É claro que este desejar serve de motivação, pois um novo ciclo aproximando-se é sempre inspirador e devemos aproveitá-lo, todavia, a observação necessária é a de verificarmos se não estamos andando em círculos e buscando o que nem sabemos.
Gosto muito sobre como o pensador alemão Walter Benjamin distingue sobre duas maneiras de encarar a vida: são as definições de vivência e de experiência. Na primeira, quando vivenciamos, apenas passamos pela vida e nunca temos tempo, estamos sempre com a sensação de que algo falta, de que não temos tudo do que precisamos e ficamos voltados para um trabalho vazio, angustiante, e para um somatório de saberes inúteis. Por sua vez, nas relações de experiência de vida, a sensação de que o tempo se prolonga e é melhor aproveitado vai ficando na lembrança dos registros de acontecimentos, de diálogos e de contato com os outros. Ora, para aquelas pessoas que mais vivenciam o ano, de fato, o tempo passa rápido demais e nem sempre é possível a realização de projetos e de desejos, enquanto que para aquelas que “saboreiam” cada minuto experimentado, fica outra impressão.
É importante termos o cuidado de estarmos atentos a não colocar nossos desejos na forma de metas. O desejo parte de uma realização, de uma força natural de motivação para a vida, “Desejamos o desejo de um desejo”, dizem, e isto é muita coisa para ser colocada simplesmente como uma meta. Alçar o desejo a uma condição de meta é colocarmo-nos como escravos destas realizações, é obrigarmo-nos a tê-los como um pesado fardo para carregarmos durante o ano.
Assim, entendendo nossos desejos como possibilidades de realizações de engrandecimento e de satisfações, como uma busca por experiências de vida, aproveitaremos melhor cada hora do novo ano, não sendo pegos de surpresa quando da chegada de seu término e nem sem respostas sobre onde estivemos durante seu transcurso.
É possível dizer que a experiência “lentifica o tempo”, desta forma podemos aproveitar muito mais cada minuto, enquanto que a vivência o comprime, faz passar tão rapidamente. É por isso que sempre temos aquela sensação de que em uma viagem o caminho de ida parece ser mais longo que o caminho da volta. Que em 2018 nos demoremos mais durante a passagem do ano, experimentemos intensamente cada dia, cada hora desta viagem anual.
César A R de Oliveira

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