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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Mau comportamento demite jovens

Recentemente uma pesquisa feita por um site de classificados de emprego revelou que o maior entrave na contratação de jovens é, segundo as empresas, o seu mau comportamento. Foram ouvidos 218 recrutadores em todo o país os quais entrevistaram empresários empregadores e jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos. “Para 48% dos empregadores entrevistados, a conduta inadequada e irresponsável dos jovens em relação ao trabalho é o maior motivo para a não contratação do candidato à vaga, superando a falta de qualificação que aparece em segundo lugar, com 25%.” Quando a pesquisa ouviu aos jovens eles disseram (75% dos pesquisados) que a maior dificuldade em conseguir emprego é a falta de oportunidade, sendo que apenas 1% (isso mesmo, UM por cento) sugeriu que o motivo pudesse ser o comportamento inadequado dos pretendentes.
Somem-se as características da fase de adolescência ao conceito de Sociedade Líquida (termo cunhado pelo sociólogo Zygmunt Bauman) - onde a busca do prazer individual é o fim último da sociedade – passaremos a pretender entender tal comportamento juvenil da atualidade. Todavia, isso não significa justificar ou acomodar-se com um chacoalhar de ombros, é preciso mostrar aos jovens que seus maus hábitos têm sido a maior causa de demissão, pois pelo visto, apenas um único a cada cem entrevistados percebe isto. Não é possível considerar culpado quem não está reconhecendo-se no cometimento de erros, nossos jovens precisam ter a consciência de que a perda de empregos tem por maior índice suas condutas reprováveis.
Mesmo quando os pais pensam ter feito de tudo para trazê-los ao rumo da correção de atitudes, dá para fazer algo mais? Sim, sempre dá. É frequente a procura por sessões de psicoterapia para estes filhos, os quais, na maioria das vezes, vêm contrariados. Todavia são raros os pais que se disponham a enfrentar uma psicoterapia para si mesmo e voltada sobre como lidar com seus filhos. Obviamente que não se trata de ensinar a como criá-los, mas sim, a fazer uma reflexão sobre como esses pais veem o mundo de hoje; entendem realmente o significado do que seja uma sociedade líquida? Sabem sobre como sobreviver a isso em casa e no trabalho? Estão atentos às mudanças?
Cada geração enfrenta novos desafios, os quais, por sua vez, exigem atitudes diferenciadas ou até então jamais pensadas. A proposta deste breve texto é a de propiciar uma reflexão sobre a forma pela qual estamos a educar nossos filhos, afinal, quanto da parcela destes desvios de comportamento em ambientes de trabalho poderiam ser creditados às ações/omissões dos pais? Sempre é tempo de rever (pré) conceitos, e a psicoterapia é um ambiente ideal para que falemos disso.
                                                                 César A R de Oliveira 
                                                                             psicólogo