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quarta-feira, 26 de abril de 2017

DESLIGUE-SE DO PILOTO AUTOMÁTICO !!!

Às vezes nem nos damos conta: ligamos o carro e, apesar do trânsito no qual todos os dias morrem tantas pessoas, dirigimos com total falta de atenção nos expondo a riscos desnecessários. Mas também há ocasiões em que esquecemos onde “guardamos” algo, outras em que não lembramos de um compromisso, ou a pior de todas: esquecemos de nós mesmos. Mas onde estamos que não conseguimos encontrar-nos? A expressão “estar ligado no automático” decorre de uma série de inventos que após uma programação funcionam sem que precisemos estar vigiando-os. Programa-se uma máquina de fazer pão para ao acordarmos poder saboreá-lo quentinho; uma máquina para lavar roupas despreocupando-se em colocar sabão ou amaciante durante sua operação, ou ainda, outra infinidade de eletrônicos que em muito nos auxiliam. Não há dúvidas de que isto é muito bom.
Somos humanos, mas parece que alguns se esquecem disto, pois, não raro ouvimos quem diga ter-se “programado para...” como se máquina fosse. A proposta de “nos desligarmos” (insistimos em sermos máquinas) é no sentido de que possamos perceber como muitas coisas poderiam ser mais bem aproveitadas se tivéssemos consciência plena do momento em que vivemos. Um amigo escreveu que o automatismo de algumas pessoas acaba por afastá-las da essência da vida: viver, amar, sentir, sorrir, chorar, ou seja, distanciando-as de seus sentimentos. Por mais avançada que seja a tecnologia, nenhuma inteligência artificial pode ser provida de afeto, de carinho ou de ternura. Viver implica em assumir riscos; amar, em ser rejeitado; sentir, em encontrar a insensibilidade nos outros... Qualquer que seja o sentimento pelo qual estejamos passando - agradável ou não - não convém andarmos por ai “no automático”, pois é ruim para nós e para os outros. Este viver imprudentemente, “com a cabeça nas nuvens” pode ser interpretado como uma forma de fuga da realidade que nos afasta daquilo que somos e do que deveriam ser nossos objetivos existenciais.
Já lembrou-se em dar bom dia ao porteiro do edifício? Em segurar a porta do elevador para quem está atrasado? Em ceder o banco para uma pessoa mais velha ou mesmo outra, que perceba necessitar mais do lugar do que você? Atitudes desprovidas de segundas intenções, não querer ser agradável a todos (principalmente à custa de desagradar-se), permitir-se rir, levam-nos à harmonização do ego com o Self, nosso eu profundo, de formas a propiciar a autorrealização livre de conflitos. Eminente psicóloga noz diz que o ser humano, “... vem perdendo contato com a terra, com a fraternidade, em face dos conflitos de opiniões, das imposições do intelecto sobre o sentimento, da robotização que transforma o ser humano em máquina, a repetir atividades que lhe destroem a capacidade de criar, de enriquecer-se de novos valores espirituais.”
Andar sem automatismo significa ter possibilidades de escolhas, ter livre arbítrio para a tomada de decisões e consequente triunfo sobre alguns arquétipos aflitivos. Um esforço desprendido nesta direção requer firmeza de atitudes e uma presença de espírito que terá repercussão sobre nossa autoestima, fortalecendo-nos. Não obstante, é um convite para a reflexão de que construímos nossas próprias realizações, e que o sucesso ou o fracasso nada mais são do que resultados de nossas atitudes e/ou omissões.
Poderemos usufruir melhor de nossa consciência estando mais presentes naquilo que estivermos fazendo, saboreando, admirando, vivendo na plenitude do momento. Ficaremos satisfeitos ao percebermos que sabemos viver bem.

César A R de Oliveira
Psicólogo – CRP 07/13.695


quinta-feira, 6 de abril de 2017

RESTAURANTE DÁ DESCONTO PARA CRIANÇAS EDUCADAS

Recentemente um programa de televisão apresentou uma matéria sobre um restaurante na Itália que concede desconto de 10% nas despesas quando os filhos, na companhia dos pais, portam-se de forma educada. Em contrapartida, apresentou outro restaurante – também italiano - que apõe na entrada um cartaz avisando que “Crianças menores de 5 anos não são bem vindas...”, com a alegação do gerente de que prefere perder alguns clientes mas ganhar, por outro lado, com aqueles que frequentam o local também por ser sossegado.
Porém o que mais me chamou a atenção foi que as pessoas entrevistadas, de uma maneira em geral, entendem que a responsabilidade pelo comportamento inconveniente é dos pais, e não das crianças. Então é aos pais que me dirijo: cuidado com os rótulos! Por muitas vezes os filhos são tidos como hiperativos (quando não, entupidos de remédios) e isto basta para que alguns pais justifiquem as estrepolias. Por outras, confundindo liberdade com permissividade desregrada, uma espécie de compensação de que seus filhos não sejam tratados com a mesma rigidez que tiveram nas suas infâncias, desconsideram que ambientes de uso comum requerem regras e respeito em comum.
É muito importante que os pais tenham consciência do lugar de autoridade que ocupam, aliás, autoridade muito fácil de ser perdida por suas próprias atitudes ou omissões. Aqueles pais que têm dificuldades em dizer um não, um basta, ou mesmo a agir de forma repreensiva por não querer frustrar seus filhos – e a si mesmo, com certeza – acabam deixando que outros ocupem estes papéis. Sendo a escola o primeiro ambiente extrafamiliar, é de lá que vem as primeiras informações sobre o comportamento dos filhos, depois, vem da sociedade através de Conselho Tutelar, da polícia, de órgãos de trânsito, da justiça, dos empregadores, etc...
No exemplo dos restaurantes, seria lógico pensarmos que antes de uma rejeição, o que queremos e nos agrada é o acolhimento, aceitação. Entendo que não é justo tão somente culpar aos pais pela maneira equivocada como alguns deles educam seus filhos. Devemos ter consciência de que muitos apenas reproduzem um modelo que lhes fora dado, quando não, precisam até mesmo criar uma forma de serem pais justamente pela ausência que tiveram dos seus, nas suas infâncias. Estes pais precisam saber posicionar-se, o que valia para uma ou duas gerações vale também para hoje, porém precisa ser contextualizado.
Então, antes de tornar-se ausente para seus filhos, avalie sobre como está a qualidade de relacionamento na família. As funções paterna/materna são apenas exercícios de tratamentos com os filhos, não há nada de gênero nestes papéis, algo que seja “coisa de homem ou de mulher”. Os casais (ou mesmo pai ou mãe que não tem com quem compartilhar estas funções) podem e devem exercê-las da melhor forma para o bem de seus filhos.
O maior prêmio que um filho pode ter é o amor, a atenção e a educação de seus pais, não apenas uma recompensa por bom comportamento, como quem dá um torrão de açúcar a um bichinho adestrado. Decorrência de uma educação justa, o ganho dos pais virá não em forma de descontos na nota fiscal, mas, através do orgulho de ter feito o melhor possível pelos seus filhos.
César A R de Oliveira

Psicólogo – whats app 99981 6455