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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SÃO TANTAS EMOÇÕES...


“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!” – Roberto Carlos


Para uma melhor compreensão, o entendimento de emoções como sinônimo de sentimentos (da maneira abordada neste artigo) não obedece ao rigorismo acadêmico, mas sim ao senso comum. Algumas patologias psíquicas têm por sintoma o embotamento afetivo, uma forma de não manifestação de emoções que pode ser confundida como um comportamento de indiferença. Porém, no dia a dia da sociedade, encontramos muitas pessoas com dificuldades ou impossibilidade de manifestarem suas emoções sem que no entanto estejam doentes. Nossos próprios conceitos sobre emoção são por vezes distorcidos: se tomamos uma decisão baseados em nossos sentimentos corremos o risco de crítica por não termos levado em conta a razão. O dicionário Aurélio traz por definição ao termo emotivo a expressão “homem sensível”, e a este, “...aquele capaz de expressar sentimentos humanitários”.  Mas quando e como expressamos nossos sentimentos? Quando podemos expressar nossa sensibilidade?
Como uma espécie de linguagem universal, as expressões faciais de emoções são idênticas em todas as culturas, o que se diverge é sobre quais seriam as emoções básicas: medo, felicidade, tristeza e raiva para alguns, acrescidos de nojo e surpresa para outros. Não obstante, o que mais pesa é a cobrança social destas como formas de comportamentos. O cliente quer um profissional que o receba com disposição, bom humor, educação, pouco importando sobre que tipos de problemas possam estar ocorrendo em sua vida pessoal. Emoções que não estejam em sintonia com o esperado resultam em um olhar de desconfiança, ou até mesmo de reprovação, e o difícil é aparentar um estado emocional que esteja em conflito com os sentimentos próprios. Uma boa forma de amenizar tais situações é nos questionarmos sobre se o fato que está por nos tirar do sério merece toda a importância que estamos dando-lhe. Ao conseguirmos manter o distanciamento interno necessário será mais fácil manter a calma, pois em muitas das vezes trata-se de uma relação casual e desprovida de intencionalidade em nos atingir. Nosso colega poderia ter atendido aquela pessoa mal humorada e ter “sobrado” para ele.
O fato é que pessoas estressadas ou em estado depressivo tem muito mais dificuldades em controlar suas emoções, e por conta disto, a fisiologia pode alterar-se: insônia, gastrites, dores musculares, e, em decorrência, as relações sociais, de trabalho e até mesmo a conjugal podem ficar comprometidas.
Mais do que ficar a criticar os outros e aos fatores exógenos que nos levam a este mal estar, devemos procurar formas de amenizar tal sofrimento. Técnicas de relaxamento respiratório e postural auxiliam, assim como encarar tais situações como um desafio, e não um problema. Além disto, após uma situação estressora é preciso uma pequena pausa para voltar à calma, para distinguir o momento e evitar com que outras pessoas que não fizeram parte da situação anterior sejam atingidas. E o fundamental: ser tolerante, pois é preciso considerar que outras pessoas, assim como nós, cometem erros.
Quanto ao questionamento sobre quando/como devemos expressar nossos sentimentos, devemos levar em contar sobre o quanto seremos observados. Estudos na Universidade de Ulm (Alemanha) mostrou que a percepção das expressões faciais alheias é possível e está condicionada sobre ao tempo de exposição ao observador. Ou seja, ainda que se tente dissimular sentimentos, muito provavelmente há chances de que nosso interlocutor perceba nossa intenção. Ainda que se consiga êxito no aparentar sentimentos, devemos levar em conta que para nós, a verdade é outra, Ou superamos o momento enfrentando a situação que nos incomoda ou estaremos propensos a um sofrimento que estará mascarado na dissimulação destes.     


César AR de Oliveira – psicólogo