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sábado, 1 de setembro de 2018

Você é respeitada?

      No último dia 27 de agosto, Dia do Psicólogo, fui convidado a participar de um painel do curso de psicologia para alunos da Faculdade Ideau cujo tema era “O feminismo em debate”. Pautei meu roteiro sobre os aspectos da violência da qual milhares de mulheres sofrem diariamente, mas violência em sentido amplo, não somente a da agressividade física. Falar de socos, pontapés, chutes, estupro, pode parecer um discurso sobre aquelas mulheres distantes, que não são de nossas relações. Só no estado do Rio Grande do Sul, no primeiro semestre deste ano, foram registradas pelas polícias mais de 10 mil ocorrências de agressões físicas e quase 20 mil outras de ameaças a mulheres. Mas e quantas outras jamais saberemos, pois as vítimas não tiveram coragem para denunciar?
    Tais agressões são, em sua grande maioria, resultados de ameaças, de proibições, de controle e da imposição da vontade do marido, antes de qualquer coisa. Com relação a isto, percebo no consultório, nas sessões de psicoterapia, mulheres cansadas, deprimidas, sem apetite, com distúrbios de sono, em alguns casos automedicadas na vã tentativa de fugir dos problemas, isso quando o “alívio” não é procurado nas bebidas de álcool ou até mesmo nas drogas ilícitas...
    Mas ao perguntar no título sobre se você é respeitada, faço unicamente para chamar a atenção de que a falta de respeito é o começo de tudo, é o indicativo de que algo na relação conjugal não está indo bem. Não poder colocar a roupa que se deseja, cortar o cabelo, arrumar-se, ter de inventar desculpas por não ir ao jantar com as amigas, arcar muito mais tempo com os afazeres da casa e da educação dos filhos sem qualquer colaboração do companheiro, são procedimentos sugestivos de um desequilíbrio na relação do casal e que podem evoluir para o desrespeito.
    Um trabalho voltado para autoestima, para a recuperação da identidade pessoal, para a valorização da vida é o que pode ser feito àquelas que sofrem tais abusos. Se você é amiga (o) de alguém em que perceba tais ocorrências, “meta a colher”, converse com ela para que a mesma procure ajuda, pois, na maioria dos casos a inércia das vítimas se dá por sentirem-se sozinhas, desamparadas e com medo de tomarem atitudes. A ajuda tanto pode estar no Poder Público, na psicoterapia como em si mesma, adotando novas e saudáveis atitudes.
                                                                   César A R de Oliveira