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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O Ministério da saúde adverte: (ou deveria) Uso de aparelho celular em demasia é prejudicial à saúde.

O Brasil tem o quarto maior volume de usuários de internet no mundo e é o segundo dos que mais utilizam o whats app (perde apenas para África do Sul). Resultado: esta dependência tecnológica faz aumentar as queixas nos hospitais, nas clínicas de psicologia, de psiquiatria e em escolas, apontam pesquisas do Grupo de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Não é preciso aprofundar-se nos dados da pesquisa para descrever sobre acidentes de trânsito decorrentes do hábito de dirigir enquanto se dá uma “espiada” no celular, de utilizar-se do aparelho durante as refeições, à cama, e por aí afora. A novela Malhação, no final do mês de novembro trazia como trama central a decisão da direção de uma escola em recolher os aparelhos dos alunos quando estes deveriam passar a catraca para a entrada às aulas, recebendo-os somente na hora da saída. É claro que indignação, revolta, tentativas de entrar com telefones escondidos, sumiço da caixa onde ficavam guardados, muita coisa aconteceu, pois, mexeram com os aparelhos, mexeram com as pessoas.
Dá para perceber o quanto muitos consideram o aparelho como uma extensão de seu próprio corpo? Voltam para casa para buscá-los quando esquecidos, perdem um pedaço de si quando estes são roubados ou extraviados.
Inegável que se trata de um avanço tecnológico com inúmeros benefícios, mas tendo por base o artigo da pesquisa supracitada estamos diante de graves problemas de saúde e de relacionamentos apenas pelo mau uso disto. A autoestima fica condicionada ao aumento de curtidas nas postagens, e a (in) felicidade também, e pior, o isolamento que a virtualidade provoca pode gerar desprezo pelas relações e contatos afetivos pessoais, podendo culminar ainda em quadros depressivos ou mesmo de fobia social.
Sem exageros, os relatos são impressionantes: comparam tal dependência à dos fumantes que quando ficam em abstinência precisam ter algo nas mãos para ficar mexendo, sem falar na irritabilidade e ansiedade que sentem por não dispor dos aparelhos.
Como tudo é uma questão de manter um ponto de equilíbrio (esta é uma Lei Natural), aproveitemos a tecnologia, mas sempre tendo o cuidado para que nos seja na maioria das vezes mais favorável do que geradora de problemas. Muito mais do que prejuízos nos relacionamentos vê-se pela pesquisa a queda da qualidade da saúde (tanto física como psíquica) a qual pode repercutir negativamente na família, no trabalho, nos estudos, na vida. Nestes casos, a busca por medicamentos ansiolíticos, antidepressivos, indutores de sono e/ou outros, pode ser evitada se na causa, houver uma mudança de comportamento com relação ao uso de smartphones.
Um estudo da renomada Universidade de Harvard aponta que em situações presenciais falamos sobre nós, com os outros, em média por 30% da conversa, enquanto que pela internet nos expomos próximos de 90% dos conteúdos. Então, opte por mais diálogo e menos tecladas virtuais, assim, nos propondo a escutar com atenção nossos amigos estaremos acrescentando mais qualidade e saúde em nossas vidas e nas relações.
Nunca é demais repetir: utilize da tecnologia mas não esqueça de conversar e de priorizar a pessoa que está à sua frente (e não o equipamento), além de perceber que é possível bons momentos sem que necessariamente estejamos manuseando um telefone celular.

César A R de Oliveira

Psicólogo

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O (ETERNO E FRACASSADO) DESEJO DE MUDAR OS OUTROS

É clássica a expressão de que ninguém muda ninguém, pois toda a mudança que se possa entender por útil e desejada acontece somente numa direção: de dentro para fora. Quando pretendemos que ocorra uma mudança em alguém, melhor seria descobrir primeiro o que precisa ser modificado em nós, pois a insatisfação com o outro pode ser uma projeção de nossa própria infelicidade.
Temos tendência a apontarmos os defeitos estendendo o dedo para fora como quem diz “Está lá, não está vendo?”. Nosso inconsciente é pródigo nisto. Na tentativa de defender o ego ele lança mão de variados mecanismos de defesa que mais servem para aliviar uma tensão, diminuir uma ansiedade do que propriamente defender-nos. Somente nos daremos conta da realidade quando endereçarmos a busca ao nosso interior, um trabalho de autodescobrimento que resulte em autoconhecimento, e consequente crescimento. Enquanto o olhar ficar voltado para o outro, é lá que pensaremos estar o problema.
O sociólogo Zygmunt Bauman nos ensina que uma das tantas dificuldades nos relacionamentos é aquela que se dá por fracassos na comunicação, daí surgindo o comportamento pervertido de tentar modificar o outro. As queixas das relações entre casais que são faladas (quando não, choradas) diariamente nas sessões de psicoterapia, não ganham a verdadeira importância no cotidiano, tanto que o senso comum criou – e abreviou simplificando - o termo “De Erre” para a complexa discussão da relação. Discutir, no sentido do termo debater (e não brigar) é a única fórmula para o entendimento e a solução de problemas conjugais. E se a discussão traz bons resultados é porque o casal chega à conscientização de que o crescimento deve ser mútuo, e isto implica necessariamente em mudanças de ambas as partes.
Dito isto, vem a pergunta: Como a psicoterapia pode auxiliar para que um relacionamento dê certo e valha o convívio quando a sessão não é feita pelo casal, mas sim, individualmente? Simples, pois para que haja vontade em mudar é imprescindível persistência, paciência e autoconfiança, e quando um integrante do casal muda, muda o outro. Avalie o quanto você dispõe destes atributos e quanto os utiliza no seu dia a dia olhando para si. Com o apoio psicoterápico estas qualidades necessárias para melhorar o relacionamento afetivo também, se bem empregadas, servirão para seu crescimento pessoal e para maturidade psicológica, fortalecendo-o ante os desgastes da vida.

César A R de Oliveira – psicólogo

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domingo, 8 de outubro de 2017

Pais e mães de 50 anos... Parabéns!



Se você tem filhos e está nesta faixa etária, parabéns, mas espero que esteja “inteiro” e saudável. Você é de uma geração que aos 20 anos estudava, trabalhava e pensava o tempo todo em poder sair de casa e ter seu próprio cantinho para morar. Daquela em que os casamentos se davam antes dos 25 anos e por aí mesmo muitos já tinham seu primeiro filho - lembrando que a média de integrantes das famílias nos anos 80 era de 4,5 pessoas. Hoje, a batizada “geração canguru” se caracteriza por uma prolongada permanência dos filhos na casa dos pais ultrapassando a adolescência tardia (definição da Organização Mundial de Saúde) e modificando os papéis intrafamiliares. E teve outra mudança: a longevidade de seus pais também se prolongou, daí que com o envelhecimento deles, com a diminuição de suas autonomias (e em alguns casos com o agravamento por algumas doenças) para quem ficou a responsabilidade de cuidá-los? Para você.
É claro que podemos ver muitas coisas positivas que efetivamente ocorreram neste contexto: mais proximidade com os filhos e com os pais, mudanças culturais e avanços tecnológicos que nos dão muito mais conforto e qualidade de vida do que na juventude. Mas há um preço a se pagar: você, cinquentenário, é de uma geração que sempre lidou muito com responsabilidades e que ainda continua a lidar com outras tantas novas! Não seria a hora de estar pensando na sua merecida aposentadoria (até nisto estão metendo a mão) ou no melhor aproveitamento de uma vida trabalhosa?
A realidade em consultórios nos mostra pais cansados, estressados, com famílias divididas entre os que cuidam de seus idosos e os que sequer telefonam para demonstrar alguma preocupação. Além disto, a geração é também a de mães que acabam tendo dupla jornada de trabalho (o que requer mais vigor ainda) sem falar que a chegada dos filhos tem se dado um pouco mais tarde, dando a muitos o papel de pais numa idade em que os seus já eram avós... Haja energia para acompanhar as crianças! E sobre isto, muito cuidado para que o cansaço não descambe em desânimo e/ou para um quadro depressivo, daí, retiro a dica de uma eminente estudiosa “...mediante a renovação mental e os objetivos existenciais, a frustração em predomínio cede lugar à esperança que se renova.”
Bem, e o que fazer para sobreviver, ou bem viver este momento? Não queixar-se ajuda muito, ter preocupações com a saúde própria olhando sempre para o prato (o que/como come.... não valem correrias ou comer em pé para ganhar tempo e perder em qualidade), ter hábitos saudáveis de alguma atividade física, dormir sem precisar de medicação, meditar, sorrir, agradecer, ter amigos, a lista é longa mas necessária. E é claro, não se esqueça de incluir a psicoterapia, pois com esta ajuda se fazem grandes conquistas.
César A R de Oliveira – psicólogo

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Transtorno de Pânico ou “O medo de ter medo...”

“Eu não tenho mais condições de ser quem eu sou” – Padre Fábio de Melo

O que pensamos quando assistimos ao padre Fábio de Melo relatar seu sofrimento por ter sido acometido pelo Transtorno de Pânico? Podemos nos questionar sobre como alguém que julgamos culto, carismático, possuidor de fé, bem sucedido, capaz de animar nossas vidas com seus livros e suas mensagens caridosas possa esconder-se embaixo de uma cama e clamar pela presença de sua mãe? Pois é, uma entre nove pessoas sofre de ansiedade em algum grau, que pode ser do leve ao mais profundo (aquele que traz prejuízos enormes), do tipo faltar ao trabalho, aula ou até mesmo a festas e convívios com amigos. Quando a ansiedade é intensa, sintomas somáticos manifestam-se: dores no corpo, tonturas, falta de ar, vertigens, suor em excesso confirmam e dão a sensação de que algo não vai bem. A pessoa “passa mal” e então fica a certeza de que alguma coisa está acontecendo mesmo.
Mas de onde surgem os ataques de pânico? A hereditariedade é uma das possibilidades, então, histórico de antecedentes na família podem justificar tal ocorrência. Também podem ser causas alguns fatores de origem psicológica, de estresse ou mesmo uma predisposição orgânica que aflore quando sob efeito de algum medicamento ou então por substâncias como o álcool, a maconha ou a cocaína, por exemplo. Em muitos dos casos não é necessária a existência de um fator externo para que o processo se inicie, ele parece surgir do nada, principalmente quando se trata de uma primeira vez! Depois de a pessoa sofrer com o primeiro quadro, ficará sempre a preocupação de que aconteça novamente, daí o medo de vir a sofrer medos. Na entrevista do religioso ele relata a ocorrência de um primeiro episódio há mais de dois anos, e também, que no mês de março deste ano ao perceber o sinal de uma nova crise, o medo de passar novo sofrimento fez com que recorresse imediatamente aos medicamentos.
Uma pessoa que esteja em meio a uma crise de transtorno de pânico merece uma atenção diferenciada. Devemos ser capaz de compreender que a melhora não está apenas no nível da razão, algo que pudesse ser resolvido apenas com alguns conselhos ou uma injeção de ânimo, motivacional. Seria como se disséssemos a uma pessoa cujas pernas estivessem engessadas para que tentasse participar de uma maratona “...força, você consegue!”. Ela precisa de um tratamento medicamentoso suficiente para dar-lhe condições de suportar a situação e de um tratamento psicoterápico capaz de propiciar a escuta que o caso requer. Quando perguntado sobre isto, Fábio de Melo diz: “Estou bem melhor, graças a Deus. Medicado e vivendo um processo de recuperação diária. Sei que é por causa da química que já está em mim. O próximo passo é a análise (psicoterapia)."
O tratamento psicoterápico é necessário e simultâneo ao medicamentoso, e a história de vida de cada um, em sua singularidade, é que dará o referencial para um bom prognóstico com a extinção dos medos e a possibilidade de superação destes difíceis momentos. Um espaço acolhedor, seguro, um momento para que a pessoa possa falar sem que se sinta ridicularizada, é o que pode propor a psicoterapia.
César A R de Oliveira – psicólogo
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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

PARA SER FELIZ NO AMOR

Este é o título de um dos tantos livros de autoria do psiquiatra paulista Flávio Gikovate, falecido no final do ano passado e que contava com décadas de experiência psicoterápica. Se a felicidade é o desejo de todo o ser humano, encontrá-la no amor, a relação mais próxima com o outro, é a realização total! E o convívio com a pessoa amada (ou com aquela que pensamos amar) é uma tarefa para a qual nem sempre estamos prontos e que vem à baila nas sessões psicoterápicas com muita frequência.
Se amar alguém é da condição humana, a sua forma de manifestação vem mudando juntamente com o passar dos tempos: Como amamos nos dias cibernéticos de hoje? Em rede social, uma “curtida” de seu amado à outra pessoa, significa o quê? Trocas de confidência entre aqueles que pessoalmente nunca estiveram juntos, pode? É traição? Dá para continuarmos nos binômios “ativo/passivo”, “provedor/provido” ou “do lar/do trabalho”? Claro que não, novos tempos pedem novos paradigmas! A psiquiatra paulistana Carmita Abdo acaba de atualizar dados de uma pesquisa sua feita há oito anos: na primeira ocasião o índice de mulheres que responderam afirmativamente dizendo fazer sexo apenas por atração foi de 43%, enquanto que nos resultados do ano de 2016 o valor subiu para 57%, já mais do que a metade do universo feminino pesquisado. Sabem a qual paradigma isto quebra? Aquele, de dizer que o homem é mais atraído a relacionamentos afetivo por interesse sexual enquanto que a mulher fica na defensiva por ser mais romântica. Gigovate diz que isto fora uma invenção sociocultural do passado - quando engravidar antes do casamento desqualificava a mulher - de que apenas por romantismo (e não por interesse sexual) ela aproximava-se de seu pretendente. O fato é que Abdo entende o momento como sendo o da segunda grande revolução sexual feminina (a primeira foi a da pílula, que separou sexo reprodutivo do erótico), aquele no qual amor e sexo não precisam andar necessariamente juntos e que as mulheres podem procurar relacionamento sexual quando desejarem, e não somente quando estiverem apaixonadas.
Amar, nos dias de hoje, requer novo posicionamento uma vez que amor romântico é aquele que difere do ficar, do pegar ou de qualquer neologismo contemporâneo. É possível ter um relacionamento sério sem morar sob o mesmo teto, sem precisar juntar os meus, os teus e quem sabe ainda acrescentar “os nossos” filhos. Se novas formas de amar surgiram, não nos esqueçamos do amor nas relações homoafetivas, uniões igualmente importantes e parcialmente amparadas pelo Estado mas que ainda carecem de maior aceitação de todos. Foram tantas as modificações nos últimos anos que há pessoas sofrendo por não encontrar alguém para conviver, enquanto que há outros que sofrem por estar com alguém ao seu lado, mas sentindo-se desorientados sem saber se o que os une é amor ou apenas interesses e conveniências. Paradoxalmente, sofre-se pela ausência de alguém tanto quanto alguns sofrem mesmo com a presença do outro em suas vidas.
O espaço que uma psicoterapia oferece (desprovido de preconceitos e de julgamentos) é aquele ideal para a reflexão, para a construção de novos conceitos e para uma análise sobre tantas mudanças que nos envolvem e que por vezes nem nos damos conta. Sim, é possível ser feliz no amor, no entanto, é preciso uma dose de coragem para a tomada de atitudes.
César A R de Oliveira

Psicólogo CRP 07/13.695

segunda-feira, 3 de julho de 2017

FACEBOOKISMO* DEIXA TRISTE

(* Neologismo para uso exagerado da rede social)

Mais uma pesquisa tenta descrever o perfil de usuários de redes sociais. Desta vez, o relato de cerca de cinco mil norteamericanos entrevistados pelas universidades de Yale e de San Diego levam à conclusão de que quanto mais tempo se passa no Facebook “... maior será a deterioração do bem estar social.” Convenhamos, tal obviedade dispensa pesquisas, já que tanto se fala das carências nos relacionamentos e sobre o quanto são mal e indevidamente expressas nas redes sociais. Desse estudo, restou a informação de que a diminuição de curtidas nas postagens estava relacionada com o aumento da insatisfação pessoal, e que, mesmo entre aqueles que usam por menos tempo tal rede, havia alguns indícios de tristeza.
Como da vez que escrevi sobre whatsapp, não coloco-me contrariamente a esta realidade que também traz seus aspectos positivos, assinalo apenas que, como se prega nas mais antigas tradições, temos a necessidade de um ponto de equilíbrio, um meio termo. A mesma pesquisa diz que o uso médio de tempo no facebook fica em cinquenta minutos diários, imagine então para aqueles que permanecem online por mais tempo ainda. Hoje, a televisão consome mais tempo das pessoas (quase três horas diárias), já que exercícios físicos ou eventos sociais (onde podemos estar frente a frente com outras pessoas) demandam menos tempo. Não sem importância, o estudo aponta também que o tempo destinado para comer e beber é apenas 10 minutos a mais do que o utilizado no facebook.
Tal aumento do tempo de uso decorre também da popularização de smartphones e redes wi-fi disponibilizadas, pois o contato se dá com muito mais facilidade, o que acaba por diminuir o tempo para reais encontros pessoais. Várias reportagens nas diversas mídias (obviamente que na internet também) apontam para a dificuldade de muitas pessoas em enfrentar a rotina sem seus smartphones: descrições do tipo ter ficado perdido, ansioso, inseguro, irritado ou nervoso mostram o quanto o grau de dependência do aparelho pode interferir no aspecto emocional.
Não bastasse, paradoxalmente, um mesmo aplicativo que pode propiciar uma conversa/troca instantaneamente entre usuários de distantes continentes, ao invés de aproximar pessoas acaba por deixá-las mais isoladas ainda, é o que aponta outra pesquisa da Universidade de Pittsburgh (EUA). Do outro lado do mundo, em Hong Kong, um estudo avalia que o uso abusivo do facebook tende a reduzir em 22% o nível de qualidade de vida.
Bem, há tantas informações sobre redes sociais (e nem sempre conclusivas) que servem para avaliarmos tal fenômeno com cautela. O fato é que, por maior que seja o avanço tecnológico, nada irá substituir um sorriso, um acalorado abraço, um ombro amigo e, naturalmente, uma conversa “olhos nos olhos”. Tristeza é um dos sentimentos básicos de nossa condição humana, não um fenômeno unicamente decorrente de um mau uso da internet; há pessoas tristes que sequer utilizam redes sociais, fecham-se em suas tristezas mesmo tendo um emprego, uma família ou condição financeira favorável.
Para tanto, o caminho a um estilo de vida que nos leve ao encontro da tão esperada qualidade de vida, passa necessariamente por aquilo que fundamentou o desenvolvimento da espécie humana: a aproximação, o convívio em coletividade, a redescoberta da família. E isto se dará com pessoas sensíveis a escutar o outro, a falar e a se fazerem presentes “em carne e osso”. É para isto também que existe a psicoterapia.

César A R de Oliveira – Psicólogo
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sexta-feira, 2 de junho de 2017

“VIDA DE PREFEITO SOLTEIRO É ASSIM...”



Leio que o prefeito de Porto Alegre posta em rede social uma foto de seu solitário jantar (algo requentado do meio dia) com a alegação de que é resultado de sua vida de solteiro. Daí, uma deputada retruca chamando-o de ultrapassado, e a tréplica vem com mais impropérios da parte dele. Alguém já reparou como siglas partidárias, times de futebol, questões de gênero (dentre outras) suscitam trocas de farpas, falta de respeito mútuo e até mesmo – indiretamente – falta de respeito com quem acaba lendo aquilo que é jogado na internet?
Acontece que nos preocupamos com a violência dos assaltos (por que a do trânsito virou rotina) e banalizamos esta agressão verbal/visual que circula aos milhares em nossos computadores ou smartphones. Na semana passada, um amigo de longa data (e que continua sendo meu amigo), postou em grupo de whats app uma foto de um carro forte explodido em assalto e expondo parte de um corpo humano queimado, sob a alegação de “alertar” seus amigos de grupo sobre a onda de violência que nos assola. Ora, violência ele cometeu ao repassar tal aberração, e pude dizer-lhe isto sem constrangimentos justamente por prezar nossa amizade.
O mundo muda quando eu mudo, afirma um mantra oriental; a Paz no mundo começa em mim, diz o poeta. Cada vez que divulgamos uma agressão devemos ter consciência de que ela já agiu primeiro em nosso pensamento, depois, na forma como a manifestamos. Para algumas pessoas não basta o desconforto sofrido com o impacto da notícia, é preciso repassá-la!  Agem como quem com um balde de tinta sai a caiar cercas, vão respingando parte daquilo que carregam pelo caminho. Agir assim agrava a realidade do acontecido, pois enseja reprováveis reações humanas que acabam por gerar outras manifestações de sentimentos inferiores de revolta ou de indignação, as quais, não raras vezes, resultam em novas atitudes de violência. Um ciclo aparentemente interminável.
É preciso dar um basta a isto, precisamos de pessoas que falem também de coisas boas; somos bons, somos o resultado da dedicação de pais e de familiares que nos cuidaram, do contrário, nenhum ser humano sobreviveria ao nascimento sem abrigo, sem alimentação ou afetos. Devemos ter o cuidado de não sermos contaminados por noticiários que muito além da intenção da informação, carregam um sensacionalismo barato com o único fito de gerar audiência, e, consequentemente, lucros.
Naturalmente, o convívio em sociedade nos dias de hoje nos exige cautela, prudência, mas não significa necessariamente que precisamos abrir mão do projeto de vida que queremos: todos almejamos felicidade, paz, bem estar, convívio amoroso em família e fraterno com os amigos. Vivenciam estes momentos, aquelas pessoas que - segundo uma amiga e conselheira psicóloga - têm caráter forte e conseguem aprofundar a busca da sua realidade, descobrindo-se, autoencontrando-se.
Poder adotar um comportamento de autenticidade, preferindo seguir uma linha de coerência de atitudes, fará com que, em refutando a violência, não a pratiquemos e nem a repassemos. Para isto, é necessário que sejamos mais amorosos, e o caminho, com certeza, começa por olharmos para nós mesmos.



César A R de Oliveira – psicólogo
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quarta-feira, 26 de abril de 2017

DESLIGUE-SE DO PILOTO AUTOMÁTICO !!!

Às vezes nem nos damos conta: ligamos o carro e, apesar do trânsito no qual todos os dias morrem tantas pessoas, dirigimos com total falta de atenção nos expondo a riscos desnecessários. Mas também há ocasiões em que esquecemos onde “guardamos” algo, outras em que não lembramos de um compromisso, ou a pior de todas: esquecemos de nós mesmos. Mas onde estamos que não conseguimos encontrar-nos? A expressão “estar ligado no automático” decorre de uma série de inventos que após uma programação funcionam sem que precisemos estar vigiando-os. Programa-se uma máquina de fazer pão para ao acordarmos poder saboreá-lo quentinho; uma máquina para lavar roupas despreocupando-se em colocar sabão ou amaciante durante sua operação, ou ainda, outra infinidade de eletrônicos que em muito nos auxiliam. Não há dúvidas de que isto é muito bom.
Somos humanos, mas parece que alguns se esquecem disto, pois, não raro ouvimos quem diga ter-se “programado para...” como se máquina fosse. A proposta de “nos desligarmos” (insistimos em sermos máquinas) é no sentido de que possamos perceber como muitas coisas poderiam ser mais bem aproveitadas se tivéssemos consciência plena do momento em que vivemos. Um amigo escreveu que o automatismo de algumas pessoas acaba por afastá-las da essência da vida: viver, amar, sentir, sorrir, chorar, ou seja, distanciando-as de seus sentimentos. Por mais avançada que seja a tecnologia, nenhuma inteligência artificial pode ser provida de afeto, de carinho ou de ternura. Viver implica em assumir riscos; amar, em ser rejeitado; sentir, em encontrar a insensibilidade nos outros... Qualquer que seja o sentimento pelo qual estejamos passando - agradável ou não - não convém andarmos por ai “no automático”, pois é ruim para nós e para os outros. Este viver imprudentemente, “com a cabeça nas nuvens” pode ser interpretado como uma forma de fuga da realidade que nos afasta daquilo que somos e do que deveriam ser nossos objetivos existenciais.
Já lembrou-se em dar bom dia ao porteiro do edifício? Em segurar a porta do elevador para quem está atrasado? Em ceder o banco para uma pessoa mais velha ou mesmo outra, que perceba necessitar mais do lugar do que você? Atitudes desprovidas de segundas intenções, não querer ser agradável a todos (principalmente à custa de desagradar-se), permitir-se rir, levam-nos à harmonização do ego com o Self, nosso eu profundo, de formas a propiciar a autorrealização livre de conflitos. Eminente psicóloga noz diz que o ser humano, “... vem perdendo contato com a terra, com a fraternidade, em face dos conflitos de opiniões, das imposições do intelecto sobre o sentimento, da robotização que transforma o ser humano em máquina, a repetir atividades que lhe destroem a capacidade de criar, de enriquecer-se de novos valores espirituais.”
Andar sem automatismo significa ter possibilidades de escolhas, ter livre arbítrio para a tomada de decisões e consequente triunfo sobre alguns arquétipos aflitivos. Um esforço desprendido nesta direção requer firmeza de atitudes e uma presença de espírito que terá repercussão sobre nossa autoestima, fortalecendo-nos. Não obstante, é um convite para a reflexão de que construímos nossas próprias realizações, e que o sucesso ou o fracasso nada mais são do que resultados de nossas atitudes e/ou omissões.
Poderemos usufruir melhor de nossa consciência estando mais presentes naquilo que estivermos fazendo, saboreando, admirando, vivendo na plenitude do momento. Ficaremos satisfeitos ao percebermos que sabemos viver bem.

César A R de Oliveira
Psicólogo – CRP 07/13.695


quinta-feira, 6 de abril de 2017

RESTAURANTE DÁ DESCONTO PARA CRIANÇAS EDUCADAS

Recentemente um programa de televisão apresentou uma matéria sobre um restaurante na Itália que concede desconto de 10% nas despesas quando os filhos, na companhia dos pais, portam-se de forma educada. Em contrapartida, apresentou outro restaurante – também italiano - que apõe na entrada um cartaz avisando que “Crianças menores de 5 anos não são bem vindas...”, com a alegação do gerente de que prefere perder alguns clientes mas ganhar, por outro lado, com aqueles que frequentam o local também por ser sossegado.
Porém o que mais me chamou a atenção foi que as pessoas entrevistadas, de uma maneira em geral, entendem que a responsabilidade pelo comportamento inconveniente é dos pais, e não das crianças. Então é aos pais que me dirijo: cuidado com os rótulos! Por muitas vezes os filhos são tidos como hiperativos (quando não, entupidos de remédios) e isto basta para que alguns pais justifiquem as estrepolias. Por outras, confundindo liberdade com permissividade desregrada, uma espécie de compensação de que seus filhos não sejam tratados com a mesma rigidez que tiveram nas suas infâncias, desconsideram que ambientes de uso comum requerem regras e respeito em comum.
É muito importante que os pais tenham consciência do lugar de autoridade que ocupam, aliás, autoridade muito fácil de ser perdida por suas próprias atitudes ou omissões. Aqueles pais que têm dificuldades em dizer um não, um basta, ou mesmo a agir de forma repreensiva por não querer frustrar seus filhos – e a si mesmo, com certeza – acabam deixando que outros ocupem estes papéis. Sendo a escola o primeiro ambiente extrafamiliar, é de lá que vem as primeiras informações sobre o comportamento dos filhos, depois, vem da sociedade através de Conselho Tutelar, da polícia, de órgãos de trânsito, da justiça, dos empregadores, etc...
No exemplo dos restaurantes, seria lógico pensarmos que antes de uma rejeição, o que queremos e nos agrada é o acolhimento, aceitação. Entendo que não é justo tão somente culpar aos pais pela maneira equivocada como alguns deles educam seus filhos. Devemos ter consciência de que muitos apenas reproduzem um modelo que lhes fora dado, quando não, precisam até mesmo criar uma forma de serem pais justamente pela ausência que tiveram dos seus, nas suas infâncias. Estes pais precisam saber posicionar-se, o que valia para uma ou duas gerações vale também para hoje, porém precisa ser contextualizado.
Então, antes de tornar-se ausente para seus filhos, avalie sobre como está a qualidade de relacionamento na família. As funções paterna/materna são apenas exercícios de tratamentos com os filhos, não há nada de gênero nestes papéis, algo que seja “coisa de homem ou de mulher”. Os casais (ou mesmo pai ou mãe que não tem com quem compartilhar estas funções) podem e devem exercê-las da melhor forma para o bem de seus filhos.
O maior prêmio que um filho pode ter é o amor, a atenção e a educação de seus pais, não apenas uma recompensa por bom comportamento, como quem dá um torrão de açúcar a um bichinho adestrado. Decorrência de uma educação justa, o ganho dos pais virá não em forma de descontos na nota fiscal, mas, através do orgulho de ter feito o melhor possível pelos seus filhos.
César A R de Oliveira

Psicólogo – whats app 99981 6455

quarta-feira, 15 de março de 2017

Psicologia e Meditação, juntas!

Cada vez mais a meditação ganha espaço na cultura ocidental, e, em tempos cibernéticos, é possível termos acesso a orientações, cursos, técnicas, músicas, aplicativos, livros, enfim, às oportunidades de diversos e novos conhecimentos sobre isto. Ainda há muita confusão por parte daqueles que associam a meditação a uma religião. Na atualidade, a ciência empenha-se em melhor compreendê-la para podermos percebê-la então como um estilo/filosofia de vida que nos auxilie. Hoje é possível dizer que há muita afinidade entre estas atitudes introspectivas - um acompanhamento psicoterápico e momentos de meditação - pois dentre os sinônimos de meditar estão “pensar, refletir, ponderar...”, ambas, ações de busca interior. É claro que as diferenças ficam evidentes quando incluímos à psicoterapia o apoio e a orientação de um profissional, contrapondo à atitude solitária do meditante. Mas e quando a psicoterapia tem como coadjuvante momentos de meditação em horários extrassessões?
Estudos científicos realizados durante 15 anos entre mais de 100 monges e meditadores budistas leigos (Universidade de Wisconsin-Madison – e outras 19 universidades) concluem que a meditação age sobre a plástica cerebral e pode reorganizar circuitos neurológicos produzindo efeitos salutares não apenas na mente e no cérebro, mas em todo o corpo. Estudos no Brasil, do Hospital Albert Einsten, constataram em 39 voluntários meditadores a existência de maior quantidade de massa cinzenta em áreas corticais relacionados à atenção e ao raciocínio. Desta forma, sessões de psicoterapia em que o cliente complemente seus horários com tal prática, são muito mais eficientes para tratamentos de depressão, ansiedades ou dores crônicas, por exemplo, pois tendem a favorecer a uma agradável sensação de bem estar.
Das leituras que faço sobre meditação, chama-me a atenção que dentre alguns relatos de seus benefícios (tais como estabilidade emocional ou senso de atenção e concentração melhorados), encontra-se o destaque para aumento de qualidades de humanização de quem medita, como amor e compaixão. Quantos sofrimentos vemos nas sessões de psicoterapias quando as pessoas estão despidas destes sentimentos: amor e compaixão, e, não raro, faltando-lhes amor próprio, pois acabam envolvendo-se em enrascadas, em problemas de trabalho ou de relacionamentos justamente por falta de autoestima.
A introspecção que a meditação propicia, permite uma melhora no autoconhecimento e, desta forma, a pessoa sente-se mais livre, mais confiante para enfrentar suas sombras. Eminente psicóloga diz que “... a meditação é uma terapia valiosa para superar os conteúdos negativos, com o objetivo de liberar o inconsciente, em vez de esmagá-lo ou asfixiá-lo...”. Ora, se a meditação, como busca interna para um processo de crescimento traz seus benefícios, aliá-la aos cuidados de uma psicoterapia poderá levar àquilo que o homem busca desde os primórdios, e, talvez, sejam suas maiores conquistas: momentos de paz e de felicidade.


César A R Oliveira
Psicólogo – whats app 99981 6455

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Quer ter sorte em 2017 ?

Você conhece alguém que diz não ter sorte e que nunca ganhou sequer uma “rifa” (ação entre amigos) de qualquer coisa? Com certeza sim, e digo mais: estas pessoas existem e continuarão sem mudar as suas sortes enquanto não trocarem suas formas de ver o mundo. É tão simples que muitos custam a acreditar que é possível ter sorte. Para alguém que quer um argumento científico, destes, de estudos de Universidades renomadas, ai vai um: o psicólogo inglês Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, conduziu um estudo com cerca de mil pessoas que resultou na publicação de um livro intitulado “O fator Sorte”. Em detalhes narrados por ele no livro, chega à seguinte conclusão: após os pesquisados terem jogado em uma loteria, analisando os resultados, verificou-se um empate entre os que se diziam sortudos e os azarados, os ganhadores de algum prêmio pertenciam em igualdade a ambos os grupos. O pesquisador chega a dizer: “As pessoas têm a mesma chance de ter sorte, mas a forma como nos comportamos tende a atrair melhores oportunidades para aqueles (sortudos) que se consideravam privilegiados pelo acaso.”
Uma das formas de nos aliviarmos de um sofrimento é imputarmos os resultados ao fator sorte (ou ao azar), assim, não ficamos tão rígidos conosco mesmo se o resultado for indesejado. Tanto as experiências que julgamos de sucesso, bem sucedidas, como aquelas de fracasso, são processadas de maneiras diferentes pelo cérebro. Com esta linha de pesquisa, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts justifica na produção de dopamina (um neurotransmissor relacionado ao bem estar, ao prazer) o fato de aprendermos mais com resultados positivos, dai a nos acharmos sortudos e, por conseguinte, estarmos mais predispostos a novos resultados de sucesso.
Quando nos consideramos uma pessoa de sorte, sentimos, para melhor, uma interferência em nossa autoestima e em nossa autoconfiança, o que nos faz pensar que nossas atitudes e comportamentos estão associadas ao fator sorte. Análogo à brincadeira sobre quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha, perguntamo-nos: temos sorte por sermos autoconfiantes e de boa estima, ou somos assim por termos sorte? O que vale é seguir algumas dicas do psicólogo britânico para que apostemos na intuição, para que não fiquemos martelando o tempo todo sobre um problema, pois trocar o foco nos alivia e (com sorte) podemos encontrar a solução da qual precisamos. Apostarmos em novidades fazendo algo diferente, ou então, corrermos eventualmente um risco calculado, sempre nos trará a lembrança de que algo pode dar errado, e isto faz com que aceitemos o resultado indesejado como algo possível também, aliviando imensamente o peso da culpa para muitos e deixando claro que errar não se trata unicamente de uma questão de azar.
Por fim, se a sua leitura deste artigo era na intenção de buscar uma dica sobre como ter sorte em 2017, penso que aquela que está ao nosso alcance diz respeito às nossas atitudes e à nossa capacidade de enfrentarmos a vida. Persistência, tolerância, paciência, generosidade, gratidão, são apenas alguns dos itens que podem transformar nossa sorte, para melhor. Para tanto, comece por pequenas mudanças, um passo de cada vez e você chegará onde quer.
Feliz Ano Novo.
Ah!, e BOA SORTE!

César Augusto Ribeiro de Oliveira

Psicólogo – whatsApp: 99981 6455