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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

CULTIVANDO EMOÇÕES



A palavra cultivar tem sua origem nas relações com a terra, com a botânica ou com o plantio, mas não raro ouvimos a expressão versando sobre o cultivo de amizades ou de relacionamentos. Cultivo das emoções é o título de um livro de autoria do psicólogo Marlon Reikdal onde, com uma boa dose de espiritualidade (*estado de espírito da alma, não confundir com religiosidade) aborda nosso relacionamento com as emoções básicas, sugerindo que da mesma forma como semeamos, regamos e cuidamos de uma planta, podemos tratar com carinho também nossas emoções.
Acredita-se que o ser humano tenha seis emoções básicas: felicidade, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo, muito embora alguns autores tratem de cinco e outros de quatro tipos de emoções (sendo as demais derivações destas). A unanimidade não é o que importa, é uma tarefa de imprecisão que não invalida a existência dos sentimentos; o fato é que as emoções são responsáveis por nossas maiores conquistas e também pelos piores desastres de nossas vidas. Daí que conhecer o que estamos sentindo ajuda a conhecer a nós mesmos, nosso eu interior, nosso self.
Se o desejo por alcançar a felicidade é algo comum a todos, o mesmo acontece com relação à tristeza, só que de forma inversa: ninguém quer tê-la por perto. Porém, todos nós teremos momentos de felicidade que irão alternar-se com os de tristeza, daí a importância de reconhecermos que as emoções são potências da alma e que eliminá-las é o mesmo que tentar destruir algo que nasce conosco, uma fonte divina em nós. Por sua vez, cultivar as emoções não significa alimentar a raiva o medo ou a tristeza, mas compreender que cada uma das emoções tem um fluxo natural e que precisa ser respeitado.
Há um filme que recebeu o Oscar de Melhor Animação (Divertidamente - 2016) que trata da história de uma menina que se muda de cidade e disto resulta uma série de confusões em sua mente, em oscilações em seu estado emocional que terminam por gerar muitos problemas para si e para seus pais. Demonstra de forma divertida o papel das emoções em tudo o que acontece diariamente em nossas vidas, além de nos ensinar que a importância que damos a cada um destes sentimentos (preocupando-se em demasia ou ignorando-os) terá reflexos em nossa saúde.
Pode haver algo de bom – ou de ruim – em todas as emoções: em momentos de felicidade exagerada podemos ser mais impulsivos, comprar o que não poderemos pagar depois, prometer o que não será cumprido, por outro lado, em momentos de tristeza poderemos ser reflexivos e pensarmos na solução mais adequada para aquilo que nos aflige. São sentimentos de raiva que nos incomodam, e é por nos desacomodarem que procuramos agir para resolver a situação. O medo faz com que não sejamos tão imprudentes e inconsequentes, e o nojo evita que comamos algo que possa estar estragado e que venha a nos fazer mal. Estar atento às emoções é questão de sobrevivência.
Todas as emoções são necessárias, e quanto mais recursos psicológicos tivermos para fazer bom uso delas (um bom cultivo), melhor será a qualidade de vida que teremos (uma boa colheita). E isto é também a proposta de uma psicoterapia voltada para o autoconhecimento e para o autodescobrimento: quanto mais soubermos a respeito de nós, mais preparados estaremos para enfrentar as pressões do cotidiano, para a obtenção de melhores resultados e para manutenção de nossa saúde. Sendo possível o cultivo de emoções, por analogia, uma sala de psicoterapia pode ser uma boa horta... semeie!

César A R de Oliveira

Psicólogo – whats app 999 81 64 55