Dias depois de ter escrito o artigo
anterior sobre emoções, acabo de ler um livro recentemente lançado cujo título pego
emprestado para este texto*; O livro foi escrito por Arun Gandhi, neto de Mahatma
Gandhi, e traz reflexões das lembranças de um breve período em que ele, quando
criança, acompanhou durante dois anos o avô em suas atividades na Índia. Com o
subtítulo de “...lições espirituais de
meu avô” é possível emocionar-se com a simplicidade da mensagem daquele que
foi um grande pacifista no século passado (cinco indicações ao Prêmio Nobel da
Paz sem jamais tê-lo recebido), inspirador de Marthin Luther King e Nelson
Mandela, e responsável por trazer a dignidade a milhares de pessoas na Índia e
no mundo.
Quando as pessoas nos procuram para a
psicoterapia está quase sempre implícito o pedido para auxiliar a extirpar ou a
amenizar um sofrimento, às vezes, um apelo para a paz interior. Em algumas ocasiões
a queixa está voltada à insatisfação num relacionamento, por outras diz
respeito ao emprego, às dificuldades da situação financeira, dentre tantas. Mas
o que fazer ante tantos e diversos problemas que, convenhamos, “dá raiva” só de
pensar?
Raiva é uma das emoções básicas que é
muito reprimida. Desde cedo ouvimos que devemos controlar a raiva, que ela é um
sentimento ruim, que não devemos ser raivosos. Raiva é tão inato quanto alegria
e medo, mas assim como a tristeza (outro sentimento que, dizem, devemos ter
cuidado em não manifestá-lo) não é bem visto.
Gandhi, numa conversa com seu neto - que com frequência brigava com outras
crianças na rua - lhe disse: “Use a raiva
para o bem. A raiva, para as pessoas, é como o combustível para o automóvel.
Ela nos dá alegria para seguir em frente e chegar a um lugar melhor. Sem ela
não teríamos motivação para enfrentar os desafios. A raiva é uma energia que
nos impele a definir o que é justo e o que não é.”
Gosto do conceito de raiva como energia,
pois a apatia, o desânimo ou a passividade diante de um obstáculo, nada mais
são do que total falta de disposição para o enfrentamento. Então, considerando
a raiva como uma forma de energia, que a aproveitemos de maneira positiva e a nos
auxiliar a sair das situações de sofrimentos; que seja a força da qual
necessitamos!
O domínio da utilização da energia do
raio lazer pode se prestar à cura, ao progresso, porém, mal manipulado,
torna-se arma poderosa e avassaladora. Igualmente, para utilizarmos nosso poder
interior é que surge a necessidade de autoconhecimento: quanto mais soubermos
sobre nós, melhor poderemos empregar a energia da raiva em prol de nosso
crescimento pessoal. Daí a importância
de Gandhi em nos ensinar que é possível encontrarmos virtude na raiva, sua
caminhada pela paz foi a de não revidar com violência, foi um exemplo de
atitudes sensatas e inteligentes. Com atitudes serenas e equilibradas estaremos
muito próximos de conciliar emoção e razão, e, com isto, o convívio com
familiares, amigos e colegas de trabalho poderá ser mais harmonioso.
É claro que as atribulações de Gandhi
foram muitas, ele sofreu humilhações, foi preso arbitrariamente e morreu
assassinado por defender a Paz. Simbolicamente, encontraremos muitas
dificuldades em nós mesmos ao tentarmos este crescimento, mas não devemos
esmorecer, todos temos virtudes, basta utilizarmo-las.
César A R de Oliveira
Psicólogo – whats app 99981 64 55
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