Nos anos 80 o atual treinador da seleção brasileira de vôlei, Bernardo Resende, Bernardinho, era um levantador reserva daquela seleção, papel secundário e discreto (mas não menos digno) e que lhe rendeu muita experiência e oportunizou aprendizagem para chegar aos dias de hoje como treinador bicampeão olímpico. Após a conquista do título desta olimpíada no Rio de Janeiro, proferiu a seguinte frase: " Quando eu gritava com a geração passada, eles se sentiam estimulados em me provar que eram capazes. Esse time não, se eu passar a tensão pra eles, eles absorvem, ficam nervosos e não respondem bem." . Deixa claro que nos últimos anos adotou um perfil diferente para conduzir os jogadores, mudou, e é sobre isto que escrevo: nossa capacidade de mudanças.
Reconhece o treinador que a atual equipe é diferente daquela da geração anterior, foi necessária uma transformação, afinal, os tempos mudaram, o momento é outro e as exigências também. Diariamente somos forçados a muitas adaptações por cobranças externas a nós (aprender a utilizar um computador, um smartphone, trocar o talão de cheques pelo cartão de crédito...) e nos descuidamos com outras mudanças que deveriam partir de nosso Eu. Falta de paciência, agressividade, ansiedade, insegurança, pressa, falta de tempo, dirigir no trânsito, se tudo isto está nos atrapalhando o que nos impede de mudar? Novas posturas que nos beneficiariam deixam de ser adotadas apenas por faltas de atitudes, de nossas atitudes! O livro Transformando Suor em Ouro, escrito pelo treinador há dez anos, traz muitas lições de atitudes que poderíamos adotar para cada situação, mas o título da obra por si só é emblemático e diz tudo: é preciso suar para obter uma transformação.
Quantas equipes não prosperam, empresas vão à falência, governos beiram a ineficiência, simplesmente por que não se permitem mudanças, continuando a entoar o mantra “Eu sempre fiz assim...”? Agora vamos aos núcleos familiares: quantos casamentos vão mal, quantas relações de pais e filhos são estressantes unicamente por que algumas pessoas mantêm-se inalteradas em suas convicções e posturas? Precisamos nos permitir, quem sabe, como dizia Raul Seixas, ser “ ... uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” Quando mudamos, o mundo muda.
Quando encontramos no consultório pessoas dispostas a deixar de lado uma vida infeliz e de sofrimentos o trabalho psicoterápico flui com muito mais naturalidade, e, havendo cooperação, disposição e principalmente o entendimento de que as mudanças na vida decorrem de resultados de atitudes, o suor (e não raras vezes o choro) efetivamente vira ouro! Aposte em si, em sua capacidade de mudar, com certeza, muito daquilo que aparenta ser um problema hoje, com novas atitudes, deixará de sê-lo.
César A R de Oliveira – psicólogo
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