“O tempo passa, e com ele caminhamos todos
juntos, sem parar...” Os Incríveis
Não se assuste: muitas
pessoas já devem ter constatado isto e feito tal exclamação, e outras ainda a
farão brevemente. O fato é que a noção de tempo é subjetiva e a convenção entre
horas e minutos não são percebidas igualmente. Há muitas coisas escritas sobre
isto, e há quem diga que a rotina é a principal responsável, pois quando
entramos em um estado de automatismo (dirigindo e fazendo outras coisas sem a
devida atenção, por exemplo) não vemos o tempo passar.
Nesta linha, para quem
está impactado com mais uma chegada de final de ano, sugiro que questione-se
sobre o quanto de rotina tem em sua vida. Toda a vez que fazemos algo novo,
diferente, nosso cérebro nos exige uma maior atenção pois está em pleno
processo de aprendizagem, o que envolve uma série de estímulos sensoriais e
emocionais. Lembre-se sobre como foi quando começou a dirigir, a andar de
bicicleta e então observe como faz isto hoje. Há quem diga que quando fazemos
as coisas de forma repetida, sem pensar ou sem grande concentração, tais
experiências não passam por uma etapa mental e então, após executadas, são
rapidamente apagadas de nossa memória. Desta forma, aos saltos, nos encontramos
no final de um dia.
O antídoto está em buscar
novas situações ou em aguçarmos nossa percepção para aquilo que estamos
fazendo. Se por um lado a rotina nos dá muita agilidade e facilidade na
execução de algumas coisas, ela nos rouba o sabor de experienciarmos novidades,
e é para isto que devemos agir. Buscar fazer e conhecer coisas novas, mudar de
itinerário em nossos deslocamentos, trocar um corte de cabelo, a maneira de nos
vestirmos, sermos criativos. Invertamos cada dia e cada instante podem ser excelentes
inovações para saborearmos melhor o momento.
O Frei Leonardo Boff
escreveu um artigo sobre a Ressonância Schumann baseado na teoria do físico
alemão W O Schumann, de que a terra é cercada por um campo eletromagnético e
isto faz com que os seres vivos pulsem a uma frequência mensurável de 7,83
hertz. Diz ainda que com um acréscimo ocorrido nesta medida (causados por má
gestão humana na Terra) estaríamos na atualidade sob a influência de uma
pulsação em torno de 10 hertz, sendo isto o responsável pelos desequilíbrios
ecológicos e pela rapidez com que as coisas acontecem, fazendo com que o homem
apresse o seu ritmo e assim o tempo flua mais rapidamente. Não seria uma mera
impressão pois os dias, com esta frequência alterada, estariam durando atualmente
o equivalente a um dia de 16 horas de outras épocas.
É claro que sempre que uma
teoria quebra os paradigmas vigentes o rechaçamento é inevitável. A humanidade
reagiu assim contra o heliocentrismo, para com a teoria da relatividade e com
muitos conceitos modernos da física quântica. Teoria ou não, a Ressonância
Schumann serve de reflexão, pois todos nós em algum momento nos surpreendemos
com a agilidade dos ponteiros (ou dígitos) de um relógio. Resta então, ante uma
luta perdida contra o avanço do tempo, nos darmos conta de que somos os autores
de nossas vidas. Uma boa observação sobre nossas atitudes rotineiras pode nos
fazer voltar o olhar para aquilo que não conseguimos ver mesmo estando muito
próximos. Se por um instante acreditarmos que nosso dia poderia durar cerca de
16 horas, imaginemos como faríamos para nos ajustarmos a ele sem correrias,
deixando o supérfluo para depois, como forma de aproveitarmos melhor nossas
vidas.
César AR de Oliveira
– psicólogo
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