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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Derrame, uma das doenças que mais mata!

“Quero enviar uma mensagem a todos os que sofreram um derrame: não se deixem abater. Levantem a cabeça, façam uma revisão de seu padrão de vida, sigam o tratamento, tenham ânimo”.(Joãosinho Trinta, 73 anos, carnavalesco).

Em novembro de 2004 o carnavalesco Joãosinho Trinta virou notícia, não por ter sido nove vezes campeão do carnaval carioca, mas por ter sofrido seu segundo derrame (AVC – acidente vascular cerebral). O AVC é a segunda principal causa de morte no mundo, e, segundo o Ministério da Saúde, só nos quatro primeiros anos deste milênio - juntamente com o infarto - matou mais de um milhão de pessoas no Brasil. Depois vêm as causas naturais e mortes por falta de assistência, o câncer e as causas externas: acidentes, homicídios, suicídios entre outros. Existem dois tipos de derrame, os isquêmicos, que acontecem pela obstrução de uma artéria por um coágulo de sangue ou pelo acúmulo de placas de gordura e os hemorrágicos, geralmente decorrentes de rompimentos ou de dilatação de artérias que acabam por afetar a estrutura do cérebro e podem ser fatais. De cada cinco derrames, quatro são do tipo isquêmico, e, segundo a Organização Mundial de Saúde, o derrame mata cerca de 15 milhões de pessoas anualmente no mundo.
Cada minuto é vital quando se precisa de atendimento decorrente de um AVC. A Associação Americana de Derrame sugere que o atendimento em até 45 minutos após os primeiros sintomas seja o mais recomendado, e limita em até 3 horas para a aplicação de um remédio trombolítico, a fim de que haja uma redução de até 30% do risco de seqüelas. Todavia, nos Estados Unidos levam-se em média 12 horas para o atendimento hospitalar, enquanto que no Brasil apenas 1/3 dos pacientes recebem atendimento em até três horas. Por uma questão lógica: se temos muito mais tempo para buscarmos alguma forma de prevenção, por que correr atrás de alguns minutos ou de poucas horas após o derrame para tentar minimizar suas conseqüências?
Adotar medidas preventivas para o AVC não significa ficar livre de riscos, e a psicologia também pode contribuir para com a prevenção. Estudos apontam as duas principais causas de AVCs (excluindo-se a propensão hereditária): a obesidade e o tabagismo. Se considerarmos que a obesidade é multifacetada, mas que nela estão imbricados hábitos nada saudáveis de alimentação, compulsões alimentares, baixa auto-estima que impedem a prática de exercícios físicos, quadros depressivos pela condição de obeso dentre outros, e o tabagismo como dependência química/psíquica, veremos que a psicoterapia pode dar sua contribuição para a minimização do número de vítimas de AVC.
A hipertensão é a principal causa de derrames, pois pessoas que tem pressão arterial elevada correm três vezes mais o risco de ter o problema, enquanto que quem fuma, o dobro. O agravante é para mulheres fumantes, pois se estiverem fazendo uso de anticoncepcionais tornam-se potencialmente vulneráveis. É mister ter cuidados também com o índice elevado de colesterol, com diabetes não diagnosticada e com a obesidade.
Além destas principais causas orgânicas não se deve ignorar as de origem emocional que desencadeiam alterações fisiológicas como altas cargas de neuro-químicos que sobrecarregam o sistema cardiovascular, por exemplo. Notícias impactantes, perdas imensuráveis, eventos expressivamente traumáticos podem afetar tão intensamente o corpo e resultar em um AVC.
Dentre as seqüelas físicas mais comuns no pós-AVC encontram-se a hemiparesia (paralisação de um dos lados do corpo), as alterações visuais e da fala, e ainda alterações cognitivas, sendo as mais freqüentes da memória, da percepção, da atenção, do raciocínio lógico e da leitura.
Por toda a mudança que decorre na vida das pessoas atingidas (limitações físicas, de comunicação, situação de dependência) em aproximadamente 30% dos pacientes ocorrem casos de depressão pós-AVC. Outras reações bastante comuns são o aparecimento da labilidade emocional - onde a pessoa chora ou sorri de forma exagerada ou sem motivo aparente - a ansiedade, agitação, irritabilidade, fadiga, falta de iniciativa, de motivação ou de interesse nas atividades, apatia e explosões de raiva.Todas estas alterações físicas, cognitivas e comportamentais dificultam a evolução funcional podendo gerar também um maior declínio cognitivo.
Dentre pessoas conhecidas que sofreram AVCs e que recuperaram-se, poderíamos citar o cantor Sérgio Reis, o Papa Bento XVI (em 1992), o cantor e compositor Edu Lobo, o ex-primeiro ministro de Israel Ariel Sharon, o ex-jogador de futebol da seleção brasileira Márcio Santos dentre tantos, mas, reitero, muitos morrem e um número ainda maior fica com seqüelas incapacitadoras ou ainda com graves limitações.
Como dispomos de muito mais tempo para a prevenção do que para o socorro durante um AVC (quem garante que estaremos acompanhados para sermos socorridos?), é importante fazermos algo o quanto antes, e isto passa por uma mudança de hábitos que para muitos parecerá impossível fazer sozinho. Atividades físicas regulares, alimentação equilibrada, livrar-se do cigarro e um controle emocional adequado, são importantes apoiadores para uma vida saudável, melhor ainda se orientados pelos respectivos profissionais.    

César A R de Oliveira – psicólogo
  

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