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segunda-feira, 6 de junho de 2011

BIPOLARIDADE: altos e baixos em cada pessoa


“... cada vez que alguém reclamava da minha conduta, era desafio, mas cada vez que alguém dava carinho, me desarmava; (...) cada vez que tinham paciência, mesmo eu teimoso feito uma mula, eu cedia; por isso, dêem amor, dêem carinho, escutem com o coração.” João H. M. de Ávila

O texto em epígrafe foi extraído do livro Um Bipolar que deu certo... (Ed. Do Autor, 2006), relato de uma vida conturbada pelo Transtorno de Humor Bipolar. João Ávila é gaúcho e no decurso de sua obra nos apresenta sua história desde as brincadeiras de infância, acontecimentos na escola, adolescência, amores e desamores, vida adulta, trabalho, relações sociais e o quanto seu transtorno de humor esteve presente em sua vida sem que ele soubesse. Entre perdas (que foram muitas) e ganhos, somente na idade adulta – por volta de seus 30 anos - é que reconheceu a necessidade de buscar orientação profissional, a qual veio acompanhada do diagnóstico, de medicação e de recomendação para acompanhamento psicológico. Hoje, João Ávila é um empresário que conseguiu conciliar uma vida produtiva com afetividade, ao mesmo tempo em que encorajou-se para escrever em livro sua experiência, muito motivadora e esclarecedora para aqueles que lidam com a doença ou que tenham amigos e familiares em tal situação.
O Transtorno de Humor Bipolar já foi chamado de Psicose Maníaco-depressiva. Trata-se de um transtorno mental onde o humor assume uma autonomia que alterna entre dois pólos, altos e baixos, positivos ou negativos, mas que antagonizam-se numa expressão diametralmente oposta de comportamentos. Assim, em momentos de euforia (pólo positivo) a pessoa encontra-se com muita energia, agitação, agressividade, impulsividade, e tende a distrair-se facilmente, o que pode pôr em risco sua segurança e a de outros. Já nas ocasiões de momentos depressivos (pólo negativo) as principais características poderiam ser descritas como apatia, desânimo, tristeza acentuada, ansiedade ou mesmo falta de prazer. É claro que estas poucas descrições são de sentimentos e comportamentos pelos quais todos passamos, não significando necessariamente que manifestá-los tipifique um quadro clínico.
Não só as alterações comportamentais devem ser observadas, acontecimentos, como por exemplo, ser demitido, perder todos os bens, abusar da álcool e drogas, ser abandonado pelo cônjuge e pelos amigos, pela família, cometer infrações de trânsito, ser preso ou envolver-se em brigas são fortes indícios de que algo não vai bem. Não é preciso esperar que o comportamento manifesto comece a dar indícios de prejuízos de toda a ordem para que os familiares mais próximos busquem algum auxílio especializado. É muito importante a participação de familiares, amigos, colegas de trabalho ou de estudos, pois é bastante freqüente a pessoa acometida da bipolaridade negar a doença, ou mesmo, nem perceber o que esteja acontecendo. É conveniente lembrar que a tentativa de suicídio é 60 vezes maior entre os bipolares do que na população em geral.
Se considerarmos seus diversos espectros, a bipolaridade pode ser classificada de acordo com sua gravidade em maior ou menor intensidade. No entanto, uma pessoa acometida de uma bipolaridade leve mas que não esteja diagnosticada e em tratamento, pode vir a ter muito mais prejuízos e seqüelas do que outra, que esteja num espectro mais intenso da doença mas que conta com acompanhamento médico e psicoterápico. Outra verdade é que o temperamento forte do bipolar pode impulsioná-los a muitas realizações, basta que tenham uma real noção da dimensão que lhes afeta. Caso tivessem sido diagnosticados em suas épocas, muito provavelmente Elvis Presley, Marilyn Monroe, Elis Regina, Cazuza, Renato Russo, por suas sensualidades, criatividade, intensidade emocional, poderiam ser considerados bipolares. Não dá para esquecer ainda que o abuso de drogas, atividade sexual não segura e aventuras ousadas demais também lhes eram característicos. Tiveram seus momentos altos e baixos.
O diagnóstico correto, o uso de medicamentos, o acompanhamento psicoterápico, carinho e amor, podem dar uma boa qualidade de vida a pessoas com transtorno bipolar, minimizando assim os efeitos negativos da doença.

César A R de Oliveira

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