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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Timidez...

“A gente não pode ser aquele garoto tímido toda a vida. Tem que se dar um pouco mais, chegar perto do público sem aquela armadura toda.” Tom Jobim
Não raramente ouvimos de alguém, até mesmo de pessoas que trabalham para o público, assertivas em que se definem como tímidos, o que pode surpreender a alguns. Mas há uma diferença entre timidez e introversão: a primeira pode ser entendida como um sentimento de embaraço ou até mesmo de inibição em situações sociais, onde o sujeito prioriza a atenção mais para si mesmo do que para o que está acontecendo, preocupando-se com o que aqueles que estão à sua volta irão pensar sobre o que esteja fazendo ou dizendo, sobre seus sentimentos. Então ele veste uma armadura. Por outro lado, introversão é um comportamento daquele que prefere a solidão sem, no entanto, evitar situações de contato social. Por esta definição, algumas pessoas estariam mais para introvertidas do que, efetivamente, para tímidas.
Há um estudo recente realizado pela Universidade de Indiana nos Estados Unidos onde os sujeitos da pesquisa foram pessoas com perfil de timidez, donde se concluiu que 87% dos tímidos estão esforçando-se em superá-la através de um comportamento de “extroversão forçada”, ou seja, mediante o enfrentamento a locais públicos e a presença de outros. Desnecessário dizer que só vontade às vezes não é suficiente, alguns não conseguem a superação desta forma e então partem para outras estratégias, dentre as quais a leitura de material de auto-ajuda, a participação em seminários temáticos e alguns, para a terapia individual. Porém alguns poucos buscam encorajamento para as situações através do consumo de medicamentos não receitados, ou ainda, de drogas ou álcool, o que, por razões óbvias, não é o melhor caminho.
Um grande erro é pensar que timidez esteja associada à falta de forças, a passividade. Pessoas tímidas sofrem de uma forma leve de fobia social que consiste em uma dificuldade de se apresentar diante de público, de estranhos ou de contextos desconhecidos, não de falta de motivação. Se pensarmos na timidez como um sintoma, a pesquisa em referência identificou várias de suas causas, desde problemas de relações e de violência na família, separação dos pais, fatores psicofísicos (sentir-se magro, gordo, alto ou baixo demais), raciais e culturais, dentre outros.
Para um convívio social saudável, é importante sentir-se confortável em relação a si mesmo e às emoções das outras pessoas. Não raro, na vida adulta, somos obrigados a ouvir chefes, colegas de trabalho ou clientes estressados, o que, para uma pessoa tímida, suportar situações assim é extremamente difícil. Além disto, a timidez, que tem por característica a falta de comunicação (ou uma comunicação de baixa qualidade) pode ter implicações nas possibilidades de se conseguir emprego ou então na insatisfação no casamento ou na família, por não posicionar-se frente às situações. Isto implica em um adoecimento maior justamente por não expressar suas emoções, não verbalizar seus sentimentos.
E de que forma a timidez pode ser superada? Os melhores resultados advirão basicamente através da aceitação, muito mais do que pela mudança. Ser tímido não deve ser considerado por si só patológico, porém, colocar a responsabilidade das frustrações e dos insucessos “na costas” da timidez é acomodação pura! Outro traço característico do tímido é o elevado nível de ansiedade. Sabendo-se assim que elevados níveis de ansiedade afetam a fisiologia, é importante ficar atento aos sinais do corpo: sudorese, leves tremores, palpitações cardíacas, voz trêmula, a sensação de um corpo quase fora de controle. Agora, se é possível ficar nervoso por dar muita importância a estes sinais interpretando-os mal, também é verdade que é possível acalmar-se interpretando-os corretamente. Ficar ruborizado ao falar causa mais preocupação a quem fala do que aos que o escutam, pois esta vergonha (que sente o tímido) que resulta em “ficar avermelhado” é o que paralisa. Então, ao perceber-se com alterações no próprio corpo, respire fundo, induza-se ao relaxamento muscular, mova as articulações e concentre-se no momento, no aqui-agora, no ambiente, e não em si mesmo.
Tal como propõe Tom Jobim (em epígrafe), em algum momento será necessário que mudemos. Não é preciso esperar que as conseqüências negativas da timidez deixem-nos retraídos e sem que possamos aproveitar os prazeres da vida e os momentos de felicidades a que temos direito. Existem técnicas que podem ser os primeiros passos para a superação à timidez, mas o fundamental é conhecer-se.

César  A R de Oliveira – psicólogo

Um comentário:

  1. Edificarte.
    tudo que plantares irá conher, que na sua vida e no seu caminho, seja espalhada a semente da paz, da compreensão, do amor, o respeito e da união.. e que Jesus Cristo lhe receba de braços aberto..

    abraços..

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