O Brasil tem o quarto maior volume de
usuários de internet no mundo e é o segundo dos que mais utilizam o whats app
(perde apenas para África do Sul). Resultado: esta dependência tecnológica faz
aumentar as queixas nos hospitais, nas clínicas de psicologia, de psiquiatria e
em escolas, apontam pesquisas do Grupo de Dependência Tecnológica do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Não é preciso aprofundar-se nos dados da
pesquisa para descrever sobre acidentes de trânsito decorrentes do hábito de
dirigir enquanto se dá uma “espiada” no celular, de utilizar-se do aparelho
durante as refeições, à cama, e por aí afora. A novela Malhação, no final do
mês de novembro trazia como trama central a decisão da direção de uma escola em
recolher os aparelhos dos alunos quando estes deveriam passar a catraca para a
entrada às aulas, recebendo-os somente na hora da saída. É claro que
indignação, revolta, tentativas de entrar com telefones escondidos, sumiço da
caixa onde ficavam guardados, muita coisa aconteceu, pois, mexeram com os
aparelhos, mexeram com as pessoas.
Dá para perceber o quanto muitos
consideram o aparelho como uma extensão de seu próprio corpo? Voltam para casa
para buscá-los quando esquecidos, perdem um pedaço de si quando estes são
roubados ou extraviados.
Inegável que se trata de um avanço
tecnológico com inúmeros benefícios, mas tendo por base o artigo da pesquisa
supracitada estamos diante de graves problemas de saúde e de relacionamentos
apenas pelo mau uso disto. A autoestima fica condicionada ao aumento de
curtidas nas postagens, e a (in) felicidade também, e pior, o isolamento que a
virtualidade provoca pode gerar desprezo pelas relações e contatos afetivos
pessoais, podendo culminar ainda em quadros depressivos ou mesmo de fobia
social.
Sem exageros, os relatos são
impressionantes: comparam tal dependência à dos fumantes que quando ficam em
abstinência precisam ter algo nas mãos para ficar mexendo, sem falar na
irritabilidade e ansiedade que sentem por não dispor dos aparelhos.
Como tudo é uma questão de manter um
ponto de equilíbrio (esta é uma Lei Natural), aproveitemos a tecnologia, mas
sempre tendo o cuidado para que nos seja na maioria das vezes mais favorável do
que geradora de problemas. Muito mais do que prejuízos nos relacionamentos
vê-se pela pesquisa a queda da qualidade da saúde (tanto física como psíquica) a
qual pode repercutir negativamente na família, no trabalho, nos estudos, na
vida. Nestes casos, a busca por medicamentos ansiolíticos, antidepressivos,
indutores de sono e/ou outros, pode ser evitada se na causa, houver uma mudança
de comportamento com relação ao uso de smartphones.
Um estudo da renomada Universidade de
Harvard aponta que em situações presenciais falamos sobre nós, com os outros,
em média por 30% da conversa, enquanto que pela internet nos expomos próximos
de 90% dos conteúdos. Então, opte por mais diálogo e menos tecladas virtuais,
assim, nos propondo a escutar com atenção nossos amigos estaremos acrescentando
mais qualidade e saúde em nossas vidas e nas relações.
Nunca é demais repetir: utilize da
tecnologia mas não esqueça de conversar e de priorizar a pessoa que está à sua
frente (e não o equipamento), além de perceber que é possível bons momentos sem
que necessariamente estejamos manuseando um telefone celular.
César A R de
Oliveira
Psicólogo