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sábado, 11 de maio de 2013

O Dia das Mães para as mulheres que não são mães...


Gosto da reflexão que nos sugere o antropólogo Roberto Crema quando cria o termo “Normose” definindo-o como a patologia da normalidade. Segundo ele, “O normótico é aquele que se adapta a um sistema doente e faz como a maioria...”. E o que isto tem a ver com o Dia das Mães? Pois bem, o universo feminino sempre teve uma parcela de mulheres que nunca foram mães, quer sejam por questões de ordem biológica (às vezes impossibilitadas pelo marido), por condições de saúde própria ou por imposições culturais, e, estima-se, que 20% de mulheres compunham este grupo. Na modernidade, o que mais influencia para tal pode ser a liberdade de escolha em não ser mãe, às vezes, por priorizar a carreira profissional, os estudos, ou simplesmente como forma de viver com mais liberdade. Já não impera tanto a pressão cultural, a normose de que toda a mulher tem de casar e de ter filhos. Há até um neologismo inglês cunhado para esta nova realidade: childfree, o qual, numa tradução ao pé da letra, significaria livre de filhos.
Concordâncias (ou não) à parte, o fato é que há mulheres que têm a consciência de que a maternidade implica em responsabilidades que transcendem a si, e, mesmo com os avanços da medicina com técnicas de fertilização, ou ainda, com as opções legais de adoção, optam por não serem mães. Mas isto não as tira da condição de filhas e de quem tem um compromisso filial e de reconhecimento às suas genitoras; não as afasta de amigas que dividem-se entre trabalho, academias, supermercados e escolas buscando seus filhos, e, muito menos, das condições parentais de tias, madrinhas ou cunhadas que transmitem seus carinhos aos pequenos.
É preciso darmo-nos conta de que as mudanças sociais em diferentes culturas ocorrem a todo o instante e nos mais diferentes aspectos. Se no Brasil, no final da década de 60, a mulher tinha em média seis filhos, na década de 70 este índice baixou para 4,5 e, segundo dados do IBGE de 2010, o valor atual está em torno de 1,86; nem mesmo o normótico e ideal “casal de filhos” já é possível quando a maternidade ruma para a média de um único filho, o que implica necessariamente em casais sem filhos, já que se trata, repito, de uma média por casal.
Longe de deixar a efeméride de lado, o propósito deste artigo era lançar luzes a uma reflexão de que, se por um lado há todos os motivos para parabenizarmos as mulheres-mães por tudo o que significam para seus filhos, não seria justo desconsiderarmos aquelas que, mesmo por não terem filhos, não são menos importantes nesta data: quantas mulheres profissionais não são mães e nem por isto deixam de dedicar-se aos filhos dos outros? Aos nossos filhos? Parabéns a todas as mães e às mulheres que exercem esta função nesta data, mesmo na condição de não serem mães...
César A R de Oliveira – psicólogo