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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sobre Autoestima


“Falta ambição para o Brasil se tornar uma superpotência” – Parag Khanna – consultor de política externa do presidente americano Barack Obama 

A manifestação supracitada pode, para alguns, causar indignação: o que um gringo tem a ver com nossas coisas, nossa brasilidade? Ainda que a referência seja ao nosso país, nossa individualidade está atingida pois somos nós quem fazemos (ou deveríamos) nossa Nação.
Acontece que tal sentimento fere nosso orgulho e pode ter forte relação com nossa autoestima. De forma simplificada, ela pode ser definida como aquilo que pensamos a respeito de nós mesmos e que repercute em nossas relações afetivas, sociais e profissionais. Também está relacionada com a autoimagem que fazemos e, por conseguinte, sobre como interfere em nossas vidas.
Há um grande engano pensar que apenas uma autoestima elevada seria o ideal de vida de cada um. Diferentemente disto, o desejável seria uma autoestima estável. Reconhecer-se forte, inteligente, bem ajustado socialmente é um bom indicativo quando, ao mesmo tempo, somos capazes de admitir que temos algumas fraquezas, temores e que não somos onipotentes. Desta forma o caminho para a aprendizagem e o amadurecimento passa a ser um processo natural.
Pessoas com autoestima saudável são capazes de valorizar pequenas conquistas, de diversificar interesses, desempenhar diferentes papéis, e atuar bem nas relações familiares, profissionais e de amizades, além de manter uma boa autonomia em suas vidas. Tais aptidões são benéficas à medida que viabilizam a aceitação social, pois, do contrário, um sentimento de rejeição viria acompanhado muitas vezes de comportamento depressivo, de menos-valia e de ojeriza à própria imagem. A desvalorização social interfere nos mecanismos de autocontrole que permitem enfrentar desafios novos de forma equilibrada. Em 1930, ao escrever sobre O mal estar na civilização, Freud disse que um dos grandes obstáculos do homem em sua busca pela felicidade, e que lhe traz maiores dificuldades, é o sofrimento resultante das relações humanas.
Pessoas que sentem-se atingidas em sua autoestima podem perder o domínio de si e a vontade de se esforçar, sentindo-se limitadas e com a impressão de que os que estão à sua volta estão lhe observando (e a seus defeitos) o tempo todo. Valorizar as próprias qualidades e saber de suas limitações podem ser ferramentas imprescindíveis ante a situações de crise ou de fracasso, todavia, o mais importante é não isolar-se ou ficar centrado no próprio sofrimento, é preciso ver outras possibilidades.
Uma pessoa com baixa autoestima não está propensa ao uso compulsivo de bebidas de álcool, drogas ou a comportamento agressivo. Há estudos americanos que concluem ainda que também o desempenho escolar ou profissional não são afetados por isto, todavia, há um forte indicativo de que autoestima adequada está proximamente relacionada com felicidade, com um menor índice de depressão. Na Universidade americana de Utah, 13 mil universitários foram entrevistados e alegaram que a autoestima era a principal causa de satisfação com a vida.
Em uma pesquisa realizada pelo Jornal de Personalidade e Psicologia Social (EUA), no Brasil, cerca de um terço da população relaciona a autoestima com a satisfação com a vida em geral, o restante, inclui a satisfação financeira como fator para uma boa autoestima.
A busca pelo autoconhecimento e o melhor ajustamento da autoestima como ferramenta de grande utilidade nas relações sociais, possibilitaria um melhor convívio em grupo e nos fortaleceria na persistência diante do fracasso, além do que, o relacionamento saudável conosco mesmo nos possibilitaria maior felicidade.

César A R de Oliveira – psicólogo

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