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terça-feira, 22 de maio de 2018
quinta-feira, 3 de maio de 2018
FACEBOOKISMO E ESTRESSE
Já escrevi sobre uma pesquisa que indicava que o uso excessivo do Facebook (daí o neologismo facebookismo) deixava as pessoas tristes. Agora, vem da Austrália – Universidade de Queensland - a notícia de que também implica em que usuários do aplicativo apresentem um quadro de estresse acentuado. O grupo de estudos de uma pesquisa foi dividido entre aqueles que mantiveram suas rotinas continuando com o uso diário da rede social e outros que ficaram cinco dias sem poder acessá-la de qualquer forma. Neste interim, foram submetidos a questionários e à medição do nível de hormônio cortisol na saliva; os resultados? Comprovadamente aqueles que ficaram privados do Facebook por apenas cinco dias apresentavam menor índice de estresse, todavia, o grau de infelicidade aumentara. Segundo um dos psiquiatras pesquisadores, a busca inconsciente por reconhecimento e aprovação e as inevitáveis comparações de postagens (“...tô aqui trabalhando e o boa vida lá, em viagem...”p.ex.) foram responsáveis pelo aumento do estresse. Igualmente na Dinamarca, outro estudo com mais de mil participantes também chegou a conclusões semelhantes.
Todavia, para os internautas que ficaram privados do acesso à rede, a infelicidade por não estar a par do que estava acontecendo gerou um novo termo: FOMO, da abreviatura da frase em inglês “fear of missing out” utilizada para designar a sensação daquele que não sabe dos últimos fatos e acha que está perdendo algo. Agora liguemos o FOMO com a psicologia: querer saber de tudo que está acontecendo em tempos cibernéticos é uma presunção que só pode ser premiada com a insatisfação, a qual somada à ansiedade torna-se um potencial para adoecimento psicológico e para somatizações. Lembrando o ditado popular “...se correr o bicho pega...” qual o mal menor? Permanecer conectado aumentando um eventual quadro de estresse ou desligar-se e com isto sentir-se não pertencente a uma sociedade e ver sua infelicidade aumentada?
Há poucos dias Mark Zuckerberg (o todo poderoso detentor do Facebook) teve de prestar esclarecimentos frente ao Congresso Norteamericano sobre ações da rede social, mas deixou claro que o seu uso é unicamente da responsabilidade pessoal e que deve ser considerado por cada um sobre o quanto isto interfere em seu bem estar. Sou da opinião de que o problema está na dificuldade de algumas pessoas em perceberem que na virtualidade há muitos sorrisos desbotados e tantos pratos “sem tempero” retocados por filtros de photoshop e que não condizem com a realidade. Vivendo um faz de conta, sofrem quando se deparam com a realidade.
Considerando que esta forma de viver online veio para ficar, ainda que mudem as redes, o ser humano precisará adaptar-se à modernidade de maneira que faça bom uso ao mesmo tempo em que priorize por sua qualidade de vida. E qualidade de vida está relacionada a estilo de vida, ou seja, ter um tempo para desconectar-se, sentir-se humano, poder conversar pessoalmente, partilhar de momentos de esportes, brincadeiras, passeios, contatos com os outros, ou mesmo, permitir-se à introspecção, compensarão a saúde de maneira que o ponto de equilíbrio para uma boa utilização das redes sociais seja atendido. Acrescente-se que, o contato olho a olho de uma psicoterapia sempre permitirá o que qualquer postagem ou mensagem enviada a alguém não consegue: aproximação e afetividade.
César A R de Oliveira
Psicólogo – whats app 999 81 64 55
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