A
palavra resolução, dentre vários significados, tem, nesta época do ano, principalmente
o sentido de determinação ou de decisão: “Neste ano eu vou ...” e por ai
desfilam uma série de atitudes iniciativas ou desejos de muitas coisas
inacabadas e até mesmo nunca realizadas, as quais queremos para o ano novo. É
claro que este desejar serve de motivação, pois um novo ciclo aproximando-se é
sempre inspirador e devemos aproveitá-lo, todavia, a observação necessária é a
de verificarmos se não estamos andando em círculos e buscando o que nem sabemos.
Gosto
muito sobre como o pensador alemão Walter Benjamin distingue sobre duas
maneiras de encarar a vida: são as definições de vivência e de experiência. Na
primeira, quando vivenciamos, apenas passamos pela vida e nunca temos tempo,
estamos sempre com a sensação de que algo falta, de que não temos tudo do que
precisamos e ficamos voltados para um trabalho vazio, angustiante, e para um
somatório de saberes inúteis. Por sua vez, nas relações de experiência de vida,
a sensação de que o tempo se prolonga e é melhor aproveitado vai ficando na
lembrança dos registros de acontecimentos, de diálogos e de contato com os
outros. Ora,
para aquelas pessoas que mais vivenciam o ano, de fato, o tempo passa rápido
demais e nem sempre é possível a realização de projetos e de desejos, enquanto
que para aquelas que “saboreiam” cada minuto experimentado, fica outra
impressão.
É
importante termos o cuidado de estarmos atentos a não colocar nossos desejos na
forma de metas. O desejo parte de uma realização, de uma força natural de
motivação para a vida, “Desejamos o
desejo de um desejo”, dizem, e isto é muita coisa para ser colocada
simplesmente como uma meta. Alçar o desejo a uma condição de meta é
colocarmo-nos como escravos destas realizações, é obrigarmo-nos a tê-los como
um pesado fardo para carregarmos durante o ano.
Assim,
entendendo nossos desejos como possibilidades de realizações de engrandecimento
e de satisfações, como uma busca por experiências de vida, aproveitaremos
melhor cada hora do novo ano, não sendo pegos de surpresa quando da chegada de
seu término e nem sem respostas sobre onde estivemos durante seu transcurso.
É
possível dizer que a experiência “lentifica
o tempo”, desta forma podemos aproveitar muito mais cada minuto, enquanto que a
vivência o comprime, faz passar tão rapidamente. É por isso que sempre temos
aquela sensação de que em uma viagem o caminho de ida parece ser mais longo que
o caminho da volta. Que em 2018 nos demoremos mais durante a passagem do ano,
experimentemos intensamente cada dia, cada hora desta viagem anual.
César A R de Oliveira
Psicólogo – whats app 999 81 64 55