É
clássica a expressão de que ninguém muda ninguém, pois toda a mudança que se
possa entender por útil e desejada acontece somente numa direção: de dentro
para fora. Quando pretendemos que ocorra uma mudança em alguém, melhor seria
descobrir primeiro o que precisa ser modificado em nós, pois a insatisfação com
o outro pode ser uma projeção de nossa própria infelicidade.
Temos
tendência a apontarmos os defeitos estendendo o dedo para fora como quem diz
“Está lá, não está vendo?”. Nosso inconsciente é pródigo nisto. Na tentativa de
defender o ego ele lança mão de variados mecanismos de defesa que mais servem
para aliviar uma tensão, diminuir uma ansiedade do que propriamente
defender-nos. Somente nos daremos conta da realidade quando endereçarmos a
busca ao nosso interior, um trabalho de autodescobrimento que resulte em
autoconhecimento, e consequente crescimento. Enquanto o olhar ficar voltado
para o outro, é lá que pensaremos estar o problema.
O
sociólogo Zygmunt Bauman nos ensina que uma das tantas dificuldades nos
relacionamentos é aquela que se dá por fracassos na comunicação, daí surgindo o
comportamento pervertido de tentar modificar o outro. As queixas das relações
entre casais que são faladas (quando não, choradas) diariamente nas sessões de
psicoterapia, não ganham a verdadeira importância no cotidiano, tanto que o
senso comum criou – e abreviou simplificando - o termo “De Erre” para a
complexa discussão da relação. Discutir, no sentido do termo debater (e não
brigar) é a única fórmula para o entendimento e a solução de problemas
conjugais. E se a discussão traz bons resultados é porque o casal chega à
conscientização de que o crescimento deve ser mútuo, e isto implica necessariamente
em mudanças de ambas as partes.
Dito
isto, vem a pergunta: Como a psicoterapia pode auxiliar para que um
relacionamento dê certo e valha o convívio quando a sessão não é feita pelo
casal, mas sim, individualmente? Simples, pois para que haja vontade em mudar é
imprescindível persistência, paciência e autoconfiança, e quando um integrante
do casal muda, muda o outro. Avalie o quanto você dispõe destes atributos e
quanto os utiliza no seu dia a dia olhando para si. Com o apoio psicoterápico estas
qualidades necessárias para melhorar o relacionamento afetivo também, se bem
empregadas, servirão para seu crescimento pessoal e para maturidade
psicológica, fortalecendo-o ante os desgastes da vida.
César A R de Oliveira – psicólogo
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