logo

logo

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O (ETERNO E FRACASSADO) DESEJO DE MUDAR OS OUTROS

É clássica a expressão de que ninguém muda ninguém, pois toda a mudança que se possa entender por útil e desejada acontece somente numa direção: de dentro para fora. Quando pretendemos que ocorra uma mudança em alguém, melhor seria descobrir primeiro o que precisa ser modificado em nós, pois a insatisfação com o outro pode ser uma projeção de nossa própria infelicidade.
Temos tendência a apontarmos os defeitos estendendo o dedo para fora como quem diz “Está lá, não está vendo?”. Nosso inconsciente é pródigo nisto. Na tentativa de defender o ego ele lança mão de variados mecanismos de defesa que mais servem para aliviar uma tensão, diminuir uma ansiedade do que propriamente defender-nos. Somente nos daremos conta da realidade quando endereçarmos a busca ao nosso interior, um trabalho de autodescobrimento que resulte em autoconhecimento, e consequente crescimento. Enquanto o olhar ficar voltado para o outro, é lá que pensaremos estar o problema.
O sociólogo Zygmunt Bauman nos ensina que uma das tantas dificuldades nos relacionamentos é aquela que se dá por fracassos na comunicação, daí surgindo o comportamento pervertido de tentar modificar o outro. As queixas das relações entre casais que são faladas (quando não, choradas) diariamente nas sessões de psicoterapia, não ganham a verdadeira importância no cotidiano, tanto que o senso comum criou – e abreviou simplificando - o termo “De Erre” para a complexa discussão da relação. Discutir, no sentido do termo debater (e não brigar) é a única fórmula para o entendimento e a solução de problemas conjugais. E se a discussão traz bons resultados é porque o casal chega à conscientização de que o crescimento deve ser mútuo, e isto implica necessariamente em mudanças de ambas as partes.
Dito isto, vem a pergunta: Como a psicoterapia pode auxiliar para que um relacionamento dê certo e valha o convívio quando a sessão não é feita pelo casal, mas sim, individualmente? Simples, pois para que haja vontade em mudar é imprescindível persistência, paciência e autoconfiança, e quando um integrante do casal muda, muda o outro. Avalie o quanto você dispõe destes atributos e quanto os utiliza no seu dia a dia olhando para si. Com o apoio psicoterápico estas qualidades necessárias para melhorar o relacionamento afetivo também, se bem empregadas, servirão para seu crescimento pessoal e para maturidade psicológica, fortalecendo-o ante os desgastes da vida.

César A R de Oliveira – psicólogo

Whatts app 999 81 64 55

domingo, 8 de outubro de 2017

Pais e mães de 50 anos... Parabéns!



Se você tem filhos e está nesta faixa etária, parabéns, mas espero que esteja “inteiro” e saudável. Você é de uma geração que aos 20 anos estudava, trabalhava e pensava o tempo todo em poder sair de casa e ter seu próprio cantinho para morar. Daquela em que os casamentos se davam antes dos 25 anos e por aí mesmo muitos já tinham seu primeiro filho - lembrando que a média de integrantes das famílias nos anos 80 era de 4,5 pessoas. Hoje, a batizada “geração canguru” se caracteriza por uma prolongada permanência dos filhos na casa dos pais ultrapassando a adolescência tardia (definição da Organização Mundial de Saúde) e modificando os papéis intrafamiliares. E teve outra mudança: a longevidade de seus pais também se prolongou, daí que com o envelhecimento deles, com a diminuição de suas autonomias (e em alguns casos com o agravamento por algumas doenças) para quem ficou a responsabilidade de cuidá-los? Para você.
É claro que podemos ver muitas coisas positivas que efetivamente ocorreram neste contexto: mais proximidade com os filhos e com os pais, mudanças culturais e avanços tecnológicos que nos dão muito mais conforto e qualidade de vida do que na juventude. Mas há um preço a se pagar: você, cinquentenário, é de uma geração que sempre lidou muito com responsabilidades e que ainda continua a lidar com outras tantas novas! Não seria a hora de estar pensando na sua merecida aposentadoria (até nisto estão metendo a mão) ou no melhor aproveitamento de uma vida trabalhosa?
A realidade em consultórios nos mostra pais cansados, estressados, com famílias divididas entre os que cuidam de seus idosos e os que sequer telefonam para demonstrar alguma preocupação. Além disto, a geração é também a de mães que acabam tendo dupla jornada de trabalho (o que requer mais vigor ainda) sem falar que a chegada dos filhos tem se dado um pouco mais tarde, dando a muitos o papel de pais numa idade em que os seus já eram avós... Haja energia para acompanhar as crianças! E sobre isto, muito cuidado para que o cansaço não descambe em desânimo e/ou para um quadro depressivo, daí, retiro a dica de uma eminente estudiosa “...mediante a renovação mental e os objetivos existenciais, a frustração em predomínio cede lugar à esperança que se renova.”
Bem, e o que fazer para sobreviver, ou bem viver este momento? Não queixar-se ajuda muito, ter preocupações com a saúde própria olhando sempre para o prato (o que/como come.... não valem correrias ou comer em pé para ganhar tempo e perder em qualidade), ter hábitos saudáveis de alguma atividade física, dormir sem precisar de medicação, meditar, sorrir, agradecer, ter amigos, a lista é longa mas necessária. E é claro, não se esqueça de incluir a psicoterapia, pois com esta ajuda se fazem grandes conquistas.
César A R de Oliveira – psicólogo