“Eu não tenho mais condições de ser quem eu sou” – Padre Fábio de Melo
O
que pensamos quando assistimos ao padre Fábio de Melo relatar seu sofrimento
por ter sido acometido pelo Transtorno de Pânico? Podemos nos questionar sobre
como alguém que julgamos culto, carismático, possuidor de fé, bem sucedido,
capaz de animar nossas vidas com seus livros e suas mensagens caridosas possa
esconder-se embaixo de uma cama e clamar pela presença de sua mãe? Pois é, uma
entre nove pessoas sofre de ansiedade em algum grau, que pode ser do leve ao
mais profundo (aquele que traz prejuízos enormes), do tipo faltar ao trabalho,
aula ou até mesmo a festas e convívios com amigos. Quando a ansiedade é
intensa, sintomas somáticos manifestam-se: dores no corpo, tonturas, falta de
ar, vertigens, suor em excesso confirmam e dão a sensação de que algo não vai
bem. A pessoa “passa mal” e então fica a certeza de que alguma coisa está
acontecendo mesmo.
Mas
de onde surgem os ataques de pânico? A hereditariedade é uma das possibilidades,
então, histórico de antecedentes na família podem justificar tal ocorrência.
Também podem ser causas alguns fatores de origem psicológica, de estresse ou
mesmo uma predisposição orgânica que aflore quando sob efeito de algum
medicamento ou então por substâncias como o álcool, a maconha ou a cocaína, por
exemplo. Em muitos dos casos não é necessária a existência de um fator externo
para que o processo se inicie, ele parece surgir do nada, principalmente quando
se trata de uma primeira vez! Depois de a pessoa sofrer com o primeiro quadro,
ficará sempre a preocupação de que aconteça novamente, daí o medo de vir a
sofrer medos. Na entrevista do religioso ele relata a ocorrência de um primeiro
episódio há mais de dois anos, e também, que no mês de março deste ano ao perceber
o sinal de uma nova crise, o medo de passar novo sofrimento fez com que recorresse
imediatamente aos medicamentos.
Uma
pessoa que esteja em meio a uma crise de transtorno de pânico merece uma
atenção diferenciada. Devemos ser capaz de compreender que a melhora não está
apenas no nível da razão, algo que pudesse ser resolvido apenas com alguns
conselhos ou uma injeção de ânimo, motivacional. Seria como se disséssemos a
uma pessoa cujas pernas estivessem engessadas para que tentasse participar de
uma maratona “...força, você consegue!”. Ela precisa de um tratamento
medicamentoso suficiente para dar-lhe condições de suportar a situação e de um
tratamento psicoterápico capaz de propiciar a escuta que o caso requer. Quando
perguntado sobre isto, Fábio de Melo diz: “Estou
bem melhor, graças a Deus. Medicado e vivendo um processo de recuperação
diária. Sei que é por causa da química que já está em mim. O próximo passo é a
análise (psicoterapia)."
O tratamento psicoterápico é necessário e simultâneo ao
medicamentoso, e a história de vida de cada um, em sua singularidade, é que
dará o referencial para um bom prognóstico com a extinção dos medos e a
possibilidade de superação destes difíceis momentos. Um espaço acolhedor,
seguro, um momento para que a pessoa possa falar sem que se sinta
ridicularizada, é o que pode propor a psicoterapia.
César A R de Oliveira – psicólogo
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